É um dos ex-líbris arquitetónicos da cidade de Nova Iorque e ainda hoje há quem lhe chame tábua de passar a ferro. O Flatiron Building, originalmente Fuller Building, é um dos arranha-céus mais populares de Manhattan e surpreende pelo seu formato muito mais estreito do que os prédios, também enormes, que o rodeiam. Em 1902, quando foi inaugurado, era um dos edifícios mais elevados da eterna cidade que nunca dorme.

Localizado no eixo triângular composto pela Quinta Avenida, pela Broadway e pela intersecção da East 22nd Street com a 23rd Street, acabou, com o passar do tempo, por dar nome ao bairro, que na sua parte sul faz ligação com outro dos marcos da cidade, Madison Square, a praça que também tem o nome de uma das mais conhecidas avenidas da cidade, a Madison Avenue, a artéria de sentido único que liga a Midtown (parte central da cidade) ao Upper East Side.

Esta avenida batizada com o nome do quarto presidente dos EUA, James Madison, esteve, desde 1920, ligada à indústria publicitária americana. Foi lá que se foram instalando as principais agências do sector, como a Young & Rubicam, a StrawberryFrog, a TBWA Worldwide e a Doyle Dane Bernbach. A concentração e a profusão de criativos criaram um ambiente descontraído, tendencialmente boémio, artístico e urbano, um espírito moderno e avant-garde que o boutique hotel The MAve se propôs recuperar.

Localizado numa das zonas mais trendy de Manhattan, esta unidade hoteleira de 72 quartos distribuídos por 12 andares, que também inclui uma área para exposições, assume-se como um espaço de retiro urbano «com uma paixão pelo serviço, pelo conforto e pela conveniência», apostando numa estética decorativa inspirada na da riqueza história e no estilo contemporâneo e vibrante do bairro, sendo descrito por muitos como um boutique hotel «hipster chic».

A diferença é percetível mal se entra no Hotel The MAve. O espaço da receção está longe de ser clássico e tradicional, como o da maioria dos hotéis. A parede, texturada, está forrada a vermelho, o mobiliário e o chão são brancos e os candeeiros têm um design moderno e exuberante. Para subir, nada melhor do que usar o elevador mas, para descer, prefira as escadas. Em metal trabalhado e madeira, permitem vislumbrar os coloridos murais revivalistas com silhuetas de figuras humanas que decoram as paredes do hotel.

O verdadeiro atrativo desta unidade hoteleira hipster chic pouco pretensiosa são, no entanto, os seus 72 quartos. Habitações modernas e confortáveis na sua simplicidade, com pé alto de 2,8 metros. Não são grandes. A maioria não ultrapassa mesmo os 15 m2, o tamanho médio dos quartos dos apartamentos portugueses, o que já levou uma blogger a descrevê-las como «os melhores quartos pequenos para dormir em Nova Iorque».

Podem não ser os maiores em espaço e em dimensão mas os quartos do The MAve são clean e cosy. O mobiliário claro contrasta com o castanho do chão de madeira de bambu e com as cabeceiras da cama em burgundy. A decoração, pontuada apenas por pequenas peças pertencentes a uma colecção eclética de arte de inspiração urbana, é também ela minimalista. Minimalistas não são, todavia, os serviços e as funcionalidades à disposição dos hóspedes.

Além de colchões especiais e de roupa de cama com o monograma do hotel, todas as habitações estão equipadas com secador, ferro de engomar, tábua de passar a ferro, cofre, robes de veludo, deck para iPod, televisão com ecrã de alta definição de 32 polegadas e vídeo on demand e rede Wi-Fi grátis. Os produtos de higiene são da conhecida marca H2O+, que já teve lojas próprias em Portugal.

Como o espaço não abunda, nalgumas habitações os roupeiros são improvisados, aproveitando espaços e recortes existentes nas paredes e apenas 21 dos quartos estão dotados de camas king size. Em contrapartida, 10 dos seus double rooms têm duas camas king size, um fator que pode ser determinante para o caso de viajar com um(a) amigo(a).

Nesse caso, poderão ambos(as) pernoitar numa cama à grande e à americana. Os preços variam em função da tipologia, distinguida essencialmente pelo tamanho das divisões e pelo tipo/quantidade de leitos à disposição, uma vez que os serviços disponibilizados são rigorosamente os mesmos.

Os mais baratos, os Urban Full, custam a partir de 269 dólares (198 euros). Os quartos Madison Queen custam 299 dólares (220 euros), os Madison King e os Madison Double custam 309 dólares (228 euros) e pernoitar nas habitações classificadas como Boulevard King fica por 329 dólares (242 euros). A variação de preços não é significativa. Esse valor inclui o pequeno-almoço, servido numa pequena sala informal no andar mais alto do hotel, onde também funciona um pequeno ginásio à disposição dos hóspedes.

Se é fã da série de televisão «Mad Men», é capaz de reconhecer a Madison Avenue nalgumas das cenas, uma vez que a série é lá filmada. Estrategicamente situado no número 62, na entre a intersecção com a 27th Street, o Hotel The MAve fica perto de Chelsea, da Union Square e de Gramercy, zonas de comércio e de animação por excelência. A lista de atrações próximas inclui ainda o Museu do Sexo de Nova Iorque, o Rubin Museum of Art e o The Rock & Roll Hall Of Fame Annex NYC.

Mas não se fica por aqui. O Flatiron Building está ali mesmo ao lado e o Empire State Building, um dos ex-libris de Manhattan, fica apenas a uma distância de 10 minutos a pé, subindo pela Quinta Avenida. O Bryant Park, um dos mais belos jardins públicos da cidade, também fica nas redondezas, bem como o Madison Square Park, a emblemática Grand Central Station, a zona portuária do South Street Seaport e a distinta Park Avenue, onde residem algumas celebridades e onde se instalaram algumas das principais marcas.

A estação de embarque para os ferrys que permitem o acesso à Estátua da Liberdade também não está muito longe. Se é fanática por lojas de lingerie, saiba que o Hotel The MAve está localizado a dois passos da Bradelisny, considerada por especialistas a melhor loja de sutiãs de Nova Iorque, a cerca de dois minutos a pé da estação de metropolitano da 28th Street. No quarteirão está também um dos restaurantes que não pode perder, The Shake Shack, que muitos garantem ter os melhores hambúrgueres da cidade.

Se não é apreciadora deste tipo de comida mas não resiste a uma boa refeição italiana, não deixe de provar as delícias do I Trulli Enoteca e Ristorante, um restaurante com quem o Hotel The MAve tem uma parceria e que promove no seu site. Aberto por Nicola Marzovilla em 1994, este estabelecimento de restauração de Gramercy propõe, além dos menus criados pelo chef Patti Jackson e das massas fabricadas artesanalmente pela mãe do emigrante originário de Puglia, uma variedade de 450 marcas de vinho italiano, incluindo garrafas com produções distinguidas em provas internacionais.

Texto: Luis Batista Gonçalves