Algumas têm muita fama mas depois, seja por uma razão ou por outra, é pouco o proveito. As atrações turísticas que não deve visitar estão já reunidas num livro. Desde museus a monumentos, há muitos lugares que não vale a pena visitar apesar da fama que têm. Quem é que nunca se sentiu desiludido durante uma visita a uma atração recomendada por um guia turístico?

Provavelmente serão poucas as pessoas a quem isso não aconteceu. São inúmeros os lugares denominados obrigatórios pelos guias de viagens que, ao vivo, não passam de uma desilusão pela sua falta de interesse. Catherine Price, escritora norte-americana, resolveu juntá-los todos num livro, «101 Places Not to See Before You Die» (HarperPaperbacks) e, em conversa connosco, diz-lhe como evitar essas armadilhas.

Partir à aventura

Catherine Price intitula-se como uma viajante compulsiva e obcecada por listas e, como tal, os guias turísticos com listas intermináveis de locais a não perder deixam-na nervosa por querer fazer tudo o que recomendam. «Esses livros podem transformar a aventura de viajar numa simples tarefa e, por isso, decidi escrever «101 Places Not to See Before You Die» para explicar que há locais que ninguém deve lamentar ainda não ter visitado», assegura.

A escritora quer encorajar os turistas a deixar os guias em casa e não recear terem as suas próprias aventuras. «Eu própria sou uma leitora assídua de guias turísticos, eles apelam à minha obsessão por listas e por investigar. Mas uma das viagens mais recompensadoras que fiz foi a Tóquio, onde segui um itinerário baseado apenas nas sugestões de outras pessoas», conta.

Catherine Price diz que pode ser difícil viajar assim, no entanto, recomenda que todas as pessoas experimentem fazê-lo, pelo menos durante um ou dois dias. «Vão ver que acabam por ir a locais a que não teriam ido se seguissem exclusivamente um guia», afirma a amante de viagens.

As armadilhas

Catherine Price, que já viajou e continua a viajar por todo o mundo, considera Las Vegas como a sua maior deceção. «Toda a cidade é uma ilusão. E feita exclusivamente para parecer um espectáculo», diz sem hesitar. Para fugir deste tipo de armadilhas turísticas, a escritora aconselha evitar os sítios repletos de autocarros turísticos.

«É claro que há lugares que são muito populares e cujas redondezas estão repletas desse meio de transporte que são realmente de visitar, como o Coliseu de Roma, mas quem anda atrás de uma aventura autêntica e quer experimentar a cultura local genuína e viver o quotidiano dos habitantes deve fugir dos autocarros de turismo», aconselha.

«Lembre-se que nenhum guia a levará às melhores aventuras, estas pressupõem sair dos itinerários e aceitar as incertezas que possam surgir», remata Catherine Price, que não teve problemas em apontar mais de 100 lugares e atrações turísticas que os amantes de visitas mais solitárias e tranquilas devem evitar a todo e qualquer custo.

O anti-guia de viagens

Conheça alguns dos 101 locais a evitar:

- Gum Wall

É um gigantesco muro coberto de pastilhas elásticas de todas as cores, em Seattle. Para uns é uma instalação de arte vanguardista para a qual todos podem dar o seu contributo, deixando lá uma pastilha. Para outros é dos locais menos higiénicos do mundo.

- Blarney Stone

É uma pedra, na Irlanda, que oferece inteligência e eloquência a quem a beijar com a testa virada para baixo. Para além da incómoda posição que esse beijo pressupõe, esta atracção também é pouco higiénica.

- Museu da Água Canalizada

Antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, abriram na cidade diversos museus. Um deles é dedicado à água canalizada da capital chinesa, o que não não deixa de ser insólito, como diz a escritora, se tivermos em conta que as autoridades desaconselham o consumo dessa mesma água.

- Túnel entre as duas Coreias

Se pensa que vai visitar algo semelhante ao muro de Berlim, está redondamente enganada. Catherine Price afirma que não passa de um túnel estreito e claustrofóbico, construído numa rocha sólida, onde os polícias dos dois países olham uns para os outros.

- Times Square

Na passagem de ano Se insistir nessa ideia tem muitas probabilidades de ser esmagada pela multidão. A autora aconselha quem valoriza a sua sanidade mental, o seu corpo e a sua bexiga (não existem casas de banho públicas) a procurar outro local para festejar a chegada de mais um ano.

- Stonehenge

É um dos locais mais misteriosos do mundo e, por isso atrai milhares de visitantes, especialmente durante o solstício de Verão. No entanto, de acordo com a escritora, é um cenário de autêntico consumismo, cercado por arame, que não pode ser ultrapassado.

Texto: Rita Caetano