A empresa Parques de Sintra, que gere os principais parques do concelho, arrancou nas últimas semanas com as obras de recuperação do jardim botânico nos Jardins do Palácio Nacional de Queluz. «Esta intervenção, com um investimento superior a meio milhão de euros, faz parte do projeto global de recuperação do palácio nacional e dos jardins de Queluz, cujas obras arrancaram em janeiro de 2015», informa a instituição local, que venceu no último sábado, pela terceira vez consecutiva, o World Travel Award para «Melhor Empresa do Mundo em Conservação», em El Jadida, em Marrocos, em comunicado.

«Os jardins do Palácio Nacional de Queluz foram, desde a sua construção, considerados como espaço privilegiado de lazer para a família real, constituindo hoje um importante valor paisagístico e patrimonial, sendo considerado um dos mais interessantes jardins históricos europeus. Esta intervenção surge ainda como resposta à urgente necessidade de recuperação, salvaguarda e valorização do património cultural e paisagístico que os jardins de Queluz compreendem, com o intuito de lhes devolver o caráter lúdico e interpretativo, respeitando a sua composição e a sua relação com a envolvente», refere ainda o documento.

A intervenção atualmente em curso tem por principal objetivo a reconstituição do jardim botânico setecentista, cujo traçado e composição se perderam completamente na sequência das cheias de 1983. «Para este efeito, iniciou-se em 2013 uma investigação histórica, incluindo um levantamento documental e iconográfico de todas as estruturas do jardim que culminou com a identificação da original coleção botânica. Procedeu-se também à recolha e análise de vários elementos que se encontravam dispersos, tais como troços de balaustrada, lagos, cantarias, estatuária e lajes», explica a empresa.

A reconstrução das famosas estufas de ananás

O projeto em curso tem sido igualmente acompanhado por sondagens arqueológicas, cuja informação tem apoiado as tomadas de decisão. «Desta forma, a intervenção incluirá a reconstrução das quatro estufas dedicadas ao cultivo de ananases, tendo por base a existência de várias cantarias originais, assim como a informação histórica disponível (desenho original, levantamentos cartográficos, fotografias e descrições documentais). Sabe-se que o ananás, espécie vegetal exótica e colecionável no século XVIII, cultivava-se nestas estufas e era motivo de grande orgulho para a Casa Real», informa ainda a Parques de Sintra.

«Prova desse orgulho é a presença de ananases quer nos elementos decorativos de cantaria quer nos revestimentos azulejares do interior do Palácio Nacional de Queluz. Pretende-se, igualmente, proceder à reposição do lago central setecentista lavrado em cantaria, da estatuária, das balaustradas, dos pavimentos e da coleção botânica, que será em parte disposta pelos canteiros do jardim, canteiros centrais das estufas e floreiras dos alegretes», refere ainda o documento.

«Serão ainda feitas obras de conservação e restauro de outros elementos pré-existentes como paramentos, cantarias, muretes decorativos do pórtico de entrada, muros, revestimentos em reboco, bancos, alegretes, azulejos, esculturas e plintos. Também a rede de infraestruturas será dimensionada, para dar resposta às necessidades ao nível da energia, abastecimento de água e drenagem», assegura a empresa, que garante ainda que «os trabalhos em causa não implicam a interrupção dos percursos de visita».

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Outras intervenções em marcha

Os trabalhos atualmente em curso podem ser observados de perto pelos visitantes do palácio, «de acordo com a política habitual do programa «Aberto para Obras». «Será, portanto, possível, dentro do respeito pelas regras de segurança, assistir aos trabalhos, bem como aceder à informação sobre os mesmos e, dessa forma, melhor avaliar e reconhecer o esforço necessário para a intervenção em espaços com este tipo de sensibilidade e relevância histórica», esclarece a empresa, que tem outras intervenções em marcha.

«Além da intervenção no jardim botânico, com conclusão prevista para o próximo semestre, a Parques de Sintra procederá em breve ao restauro do Jardim de Malta, à recuperação do bosquete, da cascata, da rede de caminhos e da plantação de barreiras verdes para proteção visual da envolvente. Em curso está ainda a revisão e melhoria do sistema de águas no que diz respeito a fontes, lagos e à rega», informa o comunicado emitido pela companhia.

Texto: Luis Batista Gonçalves com Wilson Pereira/PSML (fotografia)