Uma parede pintada nunca é bonita de ver num jardim. Infelizmente, no de cá de casa, temos um destes edificados que são necessários porque têm uma função prática (servem de casa de máquinas ou casa de banho, por exemplo) e que só com obras e muito dinheiro se podem tornar mais estéticos. O edificado do meu jardim tem estado escondido desde os anos da década de 1970 por um bambuzal (Phyllostachys bambusoides) plantado pelos meus pais.

Quarenta e tal anos depois, os bambus foram ocupando todo o canteiro onde estavam plantados (não foi posta uma tela anti-raízes para impedir o avanço dos rizomas) e transformaram-se numa pequena floresta, que embora escondesse a parede, já não estava bonita, nem ficava bem no jardim. Já andava a embirrar com aquilo há uma série de meses. No último verão, com mais tempo livre nas mãos, decidi pôr mãos à obra.

Resolvi-me a arranjar um canteiro que não destoasse da restante plantação do jardim e que suavizasse a visão da malfadada parede. Arrancar umas centenas de caules de bambu levou uma série de dias, já que foi necessário escavar bem o solo e extrair todas as raízes que estivessem visíveis. Já sei que esta tarefa não vai ser 100% bem sucedida e que terei que vigiar o canteiro e ir arrancando os rebentos de bambu que vão teimar em aparecer.

As espécies botânicas que foram usadas

Retirados os bambus, fiquei como um pintor sem inspiração diante de uma tela vazia. Que plantas colocar? Qual a composição e o desenho que melhor iria resultar? Pesquisei primeiro em livros e depois nos centros de jardinagem e acabei por optar por uma combinação de plantas que, não sendo caras, podem a médio prazo criar um recanto simpático, aproveitando a boa exposição solar do local.

Junto à parede optei por Bougainvillea glabra Variegata e Mandevilla splendens, duas plantas trepadeiras que se dão bem no jardim. Em segundo plano, coloquei três Loropetalum, um arbusto perene, bem resistente a doenças e de que gosto particularmente devido ao tom castanho ferrugem das folhas. Quatro Lavandula angustifolia (a variedade com que tenho obtido melhores resultados) e uma bordadura de Petunia de várias cores completaram o conjunto.

As petunias, sendo uma planta anual, terão que ser substituídas, possivelmente por exemplares de Viola, quando começarem a fenecer chegado o outono, como costuma suceder. Mas ambas as espécies são relativamente baratas, pelo que a renovação não se torna muito onerosa e é importante ter este apontamento de cor, que fará seguramente toda a diferença no espaço.

A cereja no topo do bolo foi a plantação de um Callistemon vindo do meu viveiro particular e filho de um enorme e bem velhinho Callistemon que ornamenta o jardim há várias décadas. Vou ter que ter um pouco de paciência e esperar pela próxima primavera para começar a ver a parede a ser tapada, mas penso que vai resultar. Estou perfeitamente convencida disso. Comparando o antes (em baixo) com o resultado final (em cima), não ficou melhor?

Uma solução florida para um recanto difícil

Texto e fotografias: Vera Nobre da Costa