Perdido num pinhal à beira do Atlântico, encontrámos um jardim decadente do início dos anos 70, que foi transformado num espaço de contemplação e de vivência da habitação renovada.

Veja os objetos de decoração e os truques de iluminação que foram usados.

Até meados dos anos 70 do século passado, a conceção e a vivência das moradias com jardim fazia-se de forma muito diferente da atualidade. Hoje, desfruta-se muito mais do espaço exterior como um prolongamento da própria casa.

Reorganizámos o espaço do jardim, procurando valorizar as perspectivas do interior da casa para o exterior, não só durante o dia, como de noite. De noite utilizámos uma iluminação discreta, que revelasse uma paisagem noturna, onde os contrastes de luz e sombra nos revelam outras perspetivas de grande valor estético.

Veja a GALERIA DE IMAGENS DESTE JARDIM

Na zona Norte, mais sombria, criámos um jardim com características Zen, onde as rochas e o calhau rolado branco e preto assumem um papel relevante na composição e facilitam a manutenção. Pontualmente surgem elementos vegetais, como fetos arbóreos, azáleas, bem como as hortenses, que acrescentam cor ao jardim nos meses de Primavera e de Verão.

Na zona Sul do jardim privilegiámos o elemento água. Assim, transformámos a piscina existente e meramente funcional, num elemento estético referencial da composição. Esta superfície de água, espelha o céu e a paisagem envolvente, procurando trazer alguma magia a este espaço.

O tratamento formal da piscina é determinante para o espírito do lugar. Também os azulejos artesanais marroquinos de tons matizados de verde reforçam o sentido de espelho de água. O pavilhão de formas depuradas remete-nos para a memória de outras culturas mais contemplativas.

Os decks de madeira que envolvem a piscina criam articulação e continuidade entre o espaço interior e exterior da casa, incluindo o forro em madeira do alpendre pré-existente. Em frente ao pavilhão da piscina criámos um tanque rectangular com uma bica de água ligada à piscina, remetendo para as imagens dos jardins Persas e Árabes, onde os percursos da água são uma presença constante de movimento e de murmúrio.

A intervenção do escultor João Cutileiro veio valorizar o imaginário deste espaço, através da presença de dois enormes peixes de pedra mármore. Os espaços de deambulação pelo jardim foram tratados com formas naturalistas e sinuosas, criando uma grande diversidade de perspetivas, e reforçando a privacidade das áreas mais intimas da casa.

Texto: Pedro Caldeira Cabral (paisagista)