As hortas mandala são, por definição da palavra, espaços de integração e harmonia. Mandala em sânscrito significa círculo, sendo a representação geométrica do relacionamento íntimo existente entre o homem e o cosmos. A mandala é uma representação visual e plástica do retorno do homem à unidade, delimitando um espaço sagrado e atualizando um tempo divino. Trata-se de um símbolo de integração e harmonia, servindo de instrumento para meditação.

As hortas ou jardins mandala estão frequentemente associadas ao movimento de permacultura. Podem servir vários aspetos como o espiritual, o didático, a sustentabilidade. A construção e a manutenção respeitam o conceito de agricultura biológica, muitas vezes a biodinâmica. Por exemplo, quando se procede à escolha de plantas deve ter-se o cuidado de respeitar as consociações de culturas.

A plantação das várias espécies deve ser feita de acordo com critérios de boa vizinhança e ajuda mútua. Para saber quais os tipos de variedades que não pode misturar, clique aqui.

Os dois tipos de mandalas mais comuns:

- Mandalas temporárias

Uma horta ou jardim mandala pode ter um carácter temporário, quando se utilizam exclusivamente plantas anuais, com um ciclo de vida que se cumpre em um ano. Neste caso, esta horta ou jardim terá um fim quando as culturas que a compõem terminam o seu ciclo de vida. No ano seguinte, poderá ser construída no mesmo local uma nova mandala, igual ou diferente.

- Mandalas permanentes

Quando a mandala é construída recorrendo à utilização de plantas vivazes, com um ciclo de vida igual ou superior a três anos. Neste caso, a mandala poderá permanecer no mesmo local por vários anos.

Exemplos de hortas e de jardins mandala

A imagem que seleccionei para ilustrar este artigo é de uma mandala executada por mim, uma horta mandala a que designei de horta flor e que elaborei, tal como uma mandala de horta-jardim de plantas aromáticas que também tenho:

- Mandala flor

A mandala flor (na imagem) foi criada para trabalhar com crianças de um jardim de infância, pré-escolar, em que as pétalas foram orientadas de acordo com os pontos cardiais. As pétalas são estreitas, pois as crianças dos 3 aos 6 anos têm os braços curtos e, como tal, dificilmente chegam à zona central. Esta construção permite fazer exercícios vários com as crianças, sensibilizando-as para a terra e para todos os assuntos da natureza e, ao mesmo tempo, contar histórias de que nunca se esquecerão.

- Horta jardim de aromáticas

A horta jardim de aromáticas foi criada para a Quinta do Bacuri em Penafiel, uma quinta de agricultura biológica que usa a mandala para a produção e comercialização de plantas aromáticas variadas.

Veja na página seguinte: Os cinco passos para construir uma horta ou um jardim mandala

Como construir a sua horta ou o seu jardim mandala em cinco passos:

1. Escolha o desenho

Para construir, começa-se pela definição de uma forma circular, pois as mandalas geometricamente partem de um círculo. Pode ser um desenho original criado por nós ou podemos utilizar um desenho já existente com o qual nos sintamos identificados. No caso de se escolher o desenho de uma mandala existente, deve ter-se em atenção que o desenho deverá ser compatível com a criação de canteiros e caminhos onde poderá circular e ter acesso, para permitir uma fácil manutenção, pois vai ter de, diariamente, trabalhar nela e colher as hortícolas.

2. Desenhe a imagem escolhida no solo

Deve transferir para o solo o desenho que escolheu, podendo respeitar os pontos cardeais se assim se proporcionar.

3. Confira o relevo

Deve fazê-lo construindo os canteiros elevados, garantindo uma maior facilidade de manutenção. Ao sobrelevarmos os canteiros a forma da mandala não desaparece e as plantas, estas acabam por ter um maior volume de solo para explorar, principalmente em profundidade.

4. Instale um sistema de rega automático

Este equipamento vai ajudar-nos na manutenção da horta e na poupança de água.

5. Semear e/ou plantar

Deve semear e/ou plantar a sua horta ou jardim mandala com as espécies que quer respeitando os princípios da agricultura biológica.

Texto: José Pedro Fernandes (engenheiro florestal)