Há seis ou sete anos, um dos jardineiros cá de casa
deu-me de presente um vaso com flores. Como as
achava muito bonitas, resolveu oferecer-me um dos
três vasos que tinha.

Não as conhecia, fui procurá-las na enciclopédia e descobri que se chamavam
gloxinias. As flores eram realmente bonitas. Umas
duas ou três, grandes, tubulares, bicolores.

Eram de um
encarnado muito escuro e bordejadas a branco,
com umas folhas grandes muito carnudas e
aveludadas. Duraram pouco tempo, provavelmente
porque, erradamente, as coloquei dentro de casa
junto a uma janela virada a Sul, logo com demasiada
exposição ao sol. Foi uma má opção, hoje sei!

Caídas as flores, as folhas depressa seguiram
o mesmo caminho e eu, confesso, não me entusiasmei
muito com estas flores de vida tão breve.
Como não tenho por hábito deitar fora plantas sem
lhes dar uma segunda oportunidade, coloquei o
vaso num recanto mais sombrio e fui-lhe pondo um
pouco de água de vez em quando.

A gloxinia não me traiu e, no ano
seguinte, no fim da Primavera,
em vez de três flores apareceram
cinco. Percebi que não devia estar
exposta ao sol e que, como tinha
folhas aveludadas, não devia ser
regada por cima mas, sim, colocada
num recipiente com água. A rega
por regador queimava as folhas no
contacto com a água.

No segundo ano,
assim fiz e obtive na
Primavera seguinte
uma floração ainda
mais abundante, umas
oito ou nove flores. Longe do sol, com água
apenas uma vez por
semana, a gloxinia já se
aguentou em floração
umas três ou quatro
semanas. Bastante
mais compensadora,
comecei a gostar dela
e dar-lhe mais atenção.

Sem saber de que tipo de fertilizante precisava, e
porque tinha as folhas aveludadas, optei por dar-lhe
o mesmo adubo que utilizo nas minhas violetas
africanas e que trago da Escócia (12-36-14).
No terceiro ano, o meu vaso de gloxinias, já era
uma glória. Como a planta já estava demasiado
grande para o contentor, comecei a transplantá-la
para um vaso maior e verifiquei que as suas
raízes eram tubérculos e que já havia uns três ou
quatro.

Resolvi então dividi-los e coloquei um por
vaso. Assim os mantive todo o Inverno, na sombra,
mas perto de uma janela, dentro de casa, e
mantendo os vasos apenas ligeiramente húmidos,
enquanto a planta estava em dormência, sem
flores nem folhas. Na Primavera seguinte, em vez de um, tive três
vasos, todos eles com umas cinco ou seis flores,
muito bonitas e que já tiveram honras de sala.


Veja na página seguinte: O tipo de exposição a que (não) deve submeter esta flor


Este ano, os meus três vasos de gloxinias
atingiram a exuberância máxima.

Cerca de 20
flores por vaso foram, durante mais de um mês, as
vedetas destacadas da minha sala e causa de admiração
dos visitantes, ultrapassando as minhas
habituais orquídeas em quantidade e cor.

À medida que as flores iam murchando, arrancava-as com cuidado e logo surgiam novas, mantendo
os vasos sempre cheios.
A gloxinia é pouco conhecida no nosso país e,
que eu saiba, ausente dos centros de jardinagem.


Oriunda da América do Sul, em Portugal só se dá
bem no interior das casas, com temperaturas entre
os 22 e os 24 graus. Boa luz, nenhuma exposição
directa ao sol e alguma humidade, são o suficiente
para as manter saudáveis.

São umas flores muito bonitas e decorativas
para o interior da casa e que exigem apenas um
pouco de paciência e algum espaço para mantê-las
durante todo o Inverno, quando não há nada
no vaso a não ser terra. Têm um comportamento
parecido com o dos bolbos. Entram em dormência
e os vasos ficam inapresentáveis. Mas, logo que
começam os calores da Primavera, vemos aparecerem
as primeiras folhinhas e, ao fim de um mês,
as primeiras flores. Depois, temos cinco a seis
semanas de glória.

Texto: Vera Nobre da Costa