No inverno, os dias encurtam, a chuva instala-se e o frio faz-se sentir, diminuindo naturalmente o tempo que passamos no jardim a desfrutar da relva e proporcionalmente a nossa disponibilidade habitual em alturas mais quentes. Uma vez que as relvas ditas de verão estão inativas nesta altura do ano, vamos centrar este mês a nossa atenção nos relvados das chamadas relvas de inverno.

Não nos devermos descuidar com os cortes da relva, que devem ser entre 0,5 a 1 centímetros superiores ao realizado no período de primavera/verão, um período que obriga a trabalhos de corte e de manutenção diferenciados. A relva cresce (felizmente), menos neste período mas, como tem que ser cortada sem chuva nem sempre é possível cortar com a periodicidade necessária para remover só 1/3 da folha, no máximo.

No caso de a sua relva estar demasiado alta, suba o corte da sua máquina para a altura máxima. Dê um primeiro corte para aparar e, de seguida, baixe o corte para a altura recomendada e faça uma segunda passagem, cruzada a 45° ou 90° em relação à primeira. Execute a adubação, com o adubo que selecionou, na quantidade recomendada e com a periodicidade que esse adubo exigir.

Durante este período, mantenha-se também atento aos sintomas e sinais das principais doenças de outono/inverno que atacam o seu relvado. Para saber quais são as maiores ameaças da relva no inverno, clique aqui.

As doenças mais comuns

Embora existam, infelizmente, muitas mais, vamos abordar neste artigo aquelas que mais tenho enfrentado em relvados de jardins, ao longo da minha vida profissional. As doenças conhecidas vulgarmente como helminthosporoses (apesar dos fungos que a causa serem hoje classificados como Drechslera sp. e Bipolaris sp.) são favorecidas pelo excesso de humidade e temperaturas baixas.

A relva definha, parecendo que se derrete, o chamado melting out dos anglo-saxónicos. Aparecem manchas castanhas a castanho-avermelhado nas folhas e quando estas manchas são transversais a toda a largura da folha cortam a passagem dos nutrientes para a parte superior levando a que esta seque desde a ponta até à mancha. Nos relvados, não formam manchas definidas, mas o relvado vai definhando por zonas que vão alastrando.

Evite fazer herbicidas à base de 2,4 –D, MCPP e dicamba nos períodos húmidos de outono, já que estudos demonstram um efeito potenciador sobre o ataque destes fungos. Os ataques de Rhizoctonia sp., causam nesta altura do ano (tempo frio e húmido) a chamada doença da mancha amarela (yellow patch).

Os relvados ficam com manchas ou anéis amarelados (que podem ir de diâmetro de 15 centímetros a um metro) e as folhas individualmente ficam com manchas amarelo palha, com contorno castanho escuro ou avermelhado. Por ser uma doença favorecida por altos níveis de azoto, evite adubar excessivamente o relvado com adubos de libertação rápida em condições de tempo húmido.

Veja na página seguinte: Como combater a antracnose

Como combater a antracnose

A doença antracnose (causada pelo fungo Colletotrichum graminicola) tem a particularidade de atacar as folhas no período de verão e as raízes nos períodos da primavera e do outono. Nos ataques radiculares, as folhas adquirem um aspeto geral uniformemente alaranjado a bronzeado, sem esporos visíveis e as raízes apresentam manchas negras que levam ao seu apodrecimento total, dando assim origem a zonas de relva morta no relvado, sem padrão definido.

Um mal que importa travar urgentemente, recomendam os especialistas. A aplicação de um suplemento de adubo à base de sulfato de amónio reduz o impacto do ataque às raízes. O fio encarnado, causado pelo fungo Laetisaria fruciformis) é uma doença que aparece em alturas em que a relva começa a ter um desenvolvimento mais lento e com adubação de azoto e potássio deficiente.

A relva apresenta manchas esbranquiçadas, mais ou menos rosadas com diâmetro, de três a 30 centímetros. O nome da doença vem do aspeto muito característico do micélio do fungo já que são perfeitamente visíveis os filamentos vermelhos que saem das folhas infetadas, pelas feridas do corte, e penetram nas feridas das folhas adjacentes, propagando assim a infeção. Uma adubação à base de azoto e potássio ajuda no controle desta doença.

Os cuidados a ter com a fertilização

A atenção que vota ao seu relvado neste altura do ano, embora diminua não deve ser completamente inexistente já que, por um lado, nos belos dias de sol de inverno, pelos quais todos ansiamos, vai poder desfrutar do seu belo relvado, por outro lado, quanto melhor cuidar dele no inverno melhor este entrará no próximo período de primavera/verão. Existe ainda um fungicida, com a azoxistrobina como substância ativa.

Este produto está autorizado em Portugal para aplicação em relvados e não só controla todas estas doenças, como pode ser aplicado em condições de elevada humidade ou mesmo chuva ligeira (inferior a quatro milímetros/dia). A melhor base da defesa do seu relvado contra as doenças é uma fertilização adequada. Não se esqueça de lavar bem e desinfetar (com lixívia, por exemplo) a sua máquina de corte antes de a guardar. Evita assim o risco de contaminações de um corte para o outro.