Chama-se geocaching, surgiu
nos Estados Unidos da América e pode ser
praticado em qualquer lugar.

Um sinal de trânsito no centro de Londres. Um banco
de jardim em Nova Iorque. Um conjunto de ruínas em Praga.
Uma arriba no litoral alentejano. O que têm estes locais em comum?

Todos eles são possíveis localizações para os tesouros de
que hoje lhe vimos falar, as caches.

O termo cache é conhecido pelo seu significado associado à memória
dos computadores, mas este não é mais um desafio virtual
do século XXI. Trata-se, antes, de associar a tecnologia GPS
actual a um conceito com séculos de existência. Na verdade, a
palavra francesa cache, criada em 1797, designa um esconderijo
usado temporariamente para armazenar material diverso.
Da associação desta palavra ao prefixo geo (de terra), nasceu o
geocaching, uma espécie de caça ao tesouro da era da globalização.

As origens

Imagine que o desafiavam, via Internet, a
descobrir a localização de um balde com
bugigangas a partir de uma coordenada
GPS. Se o encontrasse, deveria assinar o
bloco de notas contido no interior, ficar
com os objectos e deixar outros em
substituição. Foi assim que, numa mata
em Portland, no estado norte-americano
de Oregon, nasceu o geocaching.

A iniciativa
foi de David Ulmer, um cidadão
norte-americano que, a 3 de Maio de
2000, quis comemorar o anúncio feito
dois dias antes pelo então presidente Bill
Clinton. Em causa, o fim do sistema de
codificação que limitava os sinais GPS de
uso civil. Em vez de 100 metros, o GPS
ficaria acessível a todos com uma exactidão
na ordem dos dez metros.

Um dia após a publicação do post
online, não só o balde tinha sido encontrado,
como tinham sido colocados
novos objectos em três outros estados
norte-americanos. Um mês depois, tinha
sido criada uma cache na Austrália, um
site com a localização de todas as caches
e uma mailing list para discussão sobre
o assunto, além da designação geocaching
e as regras do jogo. Daí à disseminação
mundial foi um clique.

Como funciona

O procedimento actual do geocaching não
difere muito da diversão criada por Dave
Ulmer, nem das actividades de caça ao
tesouro em que a maioria das pessoas já
participou quando era criança. O grande objectivo é o prazer de superar um desafio,
de resolver um enigma.
Existem caches escondidas, potencialmente,
em qualquer sítio. No seu interior
contêm, nas versões mais simples, uma folha
ou bloco de notas (logsheet ou logbook)
com informação da pessoa responsável pela
cache, onde os visitantes colocam a data em
que a encontraram.

Pode incluir também
objectos que, levados por visitantes que
deixam outros no seu lugar, permitem
criar um intercâmbio entre geocachers (o
nome dado aos praticantes). Após cada
descoberta, os utilizadores podem criar no
site oficial uma
entrada onde comentam as peripécias que
lhes permitiram (ou não) encontrá-la. Estes
logs ajudam a contabilizar as aventuras de
cada utilizador e ficam visíveis aos outros,
que os podem consultar na sua busca pela
mesma cache.

Diversão à medida

Se acha que se trata de uma actividade para
peritos da orientação ou da tecnologia,
desengane-se. Hoje em dia, os geocachers
são pessoas de todas as idades e com perfis
diversos. Dos mais velhos às crianças,
qualquer um pode praticar, seja em família, com um grupo de amigos ou, até, sozinho.
As inúmeras variantes permitem adequar
a busca aos objectivos de cada um, a cada
momento.

Por exemplo, as caches podem
variar em dimensão (desde tupperwares
a dispositivos micro do tamanho de um
afia-lápis), grau de dificuldade e tipo de
terreno (ambos classificados de um a cinco,
sendo um o mais fácil). Além disso, existem
inúmeras variações que envolvem o número
de fases envolvidas para a encontrar. Assim, quer procure uma grande
aventura num cenário natural ou um desafio
entre reuniões de trabalho na grande
cidade, esta poderá ser a resposta.

Veja na página seguinte: O que precisa para começar a jogar

Para começar

Para partir à aventura, precisa de um aparelho
GPS, onde deve introduzir as coordenadas
da(s) cache(s) a procurar.

Pode fazer
o download num site dedicado a geocaching
ou através dos pontos de interesse do seu
GPS.

Outra alternativa é pesquisar caches
num site de geocaching e introduzir as coordenadas
manualmente.

Depois de assinaladas no mapa, terá
que descobrir a sua localização exacta, o
que pode não ser fácil.

Para lhe facilitar o
percurso, existem softwares específicos que,
associados a um telemóvel com Internet,
funcionam como uma bússola que lhe indica
a direcção da cache, enquanto acede a
toda a informação do site em tempo real.
Com ou sem software, fique atenta à pista
(hint) na página de detalhes de algumas
caches: pode revelar-se muito útil, tendo
em conta a margem de erro do GPS.

Se não tem GPS e quer experimentar há uma série de cuidados que deve ter:

- Escolha um local que conheça bem numa
zona urbana (perto de sua casa ou do trabalho)

- Pesquise as caches aí existentes através
do mapa do site oficial

- Opte por uma de terreno e dificuldade 1/1

- Leia a descrição e a pista (se existente)

- Faça zoom e observe atentamente os pontos
de referência no mapa

Se tem um palpite sobre o local onde está
a cache, é hora de procurar!

Tipos de cache

- Cache tradidional
Um recipiente (container)
com um logbook assinado pelos visitantes. Pode ter
ou não objectos para troca entre os visitantes.

- Multi-cache
Envolve duas ou mais localizações.
A primeira tem uma pista para a segunda, que tem uma
para a seguinte... Na última localização, está o container.

- Cache puzzle ou mistério
Envolve puzzles que
têm que ser resolvidos para se determinar as coordenadas
da cache.

Texto: Rita Miguel