Ter uma horta na cidade era, até há alguns anos, um imperativo de subsistência. Atualmente, está a tornar-se numa atividade cada vez mais comum e em pleno desenvolvimento em várias cidades do país. Nas crónicas que escrevo para a revista Jardins, proponho partilhar com os leitores a minha experiência a cultivar uma horta pela primeira vez. Não pretendo esconder as dificuldades que vou sentindo, mas espero poder relatar também alguns sucessos e incentivar outros a experimentar esta atividade ancestral.

Entusiasmada pela minha amiga que cultiva um pequeno jardim comunitário em Nova Iorque, decidi participar, em 2011, num dos concursos que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) lançou no âmbito do Programa de Dinamização da Agricultura Urbana. Nessa altura, fiquei em lista de espera, e o tema da horta ficou suspenso para mim. Foi, portanto, com alguma surpresa que, no início de 2014, recebi um telefonema para saber se ainda continuava interessada em explorar um dos talhões do Parque Hortícola da Quinta da Granja.

A minha reação imediata foi de grande alegria, mas a seguir ao entusiasmo veio a preocupação. E agora? Eu não percebo nada de hortas! Comprei livros especializados e o incontornável Borda d’Água, fui ao mercado da Brandoa comprar as primeiras ferramentas e sementes, pedi ajuda a todos os meus amigs (literalmente!) e deitámos mãos à obra. Comecei timidamente, não sabia bem as quantidades a plantar e não queria desperdiçar nada.

Concentrei-me nalguns conselhos preciosos que encontrei no livro da Teresa Chambel, «Um Jardim para Cuidar», publicado pela editora A Esfera dos Livros, para começar pelas culturas mais fáceis, e pelos vegetais que mais consumimos. Mas o maior objetivo da horta para mim é poder partilhar esta experiência com os meus filhos. O mais novo tinha três anos na primavera e andou comigo a semear milho, feijão e ervilhas.

Partilha de experiências

Todas as semanas, íamos ver como o milho estava, e rapidamente ultrapassou a sua altura! Mostrei-lhe depois as primeiras espigas, e de onde se tira o grão que ele tanto gosta de comer. Com o fim do inverno a aproximar-se, comecei a planear as próximas tarefas, e felizmente não estou sozinha. Tenho de agradecer a todos os amigos que comigo têm participado nesta aventura e à CML, em particular à Graça Ribeiro, pela oportunidade e pelas sessões de formação absolutamente fundamentais para uma principiante como eu.

Texto: Vera Ramos