Susanna Lyle escreveu uma vez que «a ameixeira
volta a encontrar uma certa
indiferença». É verdade e não é justo. Os franceses são os piores com a sua expressão «compter pour des prunes»,
que quer dizer «contar com nada».

A ficha sobre a
ameixa Prunus domestica e P. insititia na Wikipedia
existe somente em quatro línguas, incluindo a nossa, além de menções em língua hindu
e nahualt.

Pelo contrário, a ficha sobre a pera encontra-se em 60 línguas e em 128 línguas para maçã. Estamos, assim, perante a fruteira mais fácil de
cultivar. Aceita solos pobres, solos pesados, ri-se do
frio e aceita o calor. Não pede poda e fica uma árvore
de porte modesto (deve ser plantada em intervalos
de três metros), pode viver como um arbusto em sebe, ou em
meia-sombra. É sensível aos pulgões quando se utiliza
adubo azotado. Se não se der nada (exceto um
pouco de água no verão, no Sul) fica contente.

O único trabalho que temos é de cobrir a árvore com
uma rede anti-insetos e antipássaros desde meados
de maio até à colheita.
A ameixeira é mais produtiva no interior que no
litoral. O nosso Denominação de Origem Protegida
(DOP) «Ameixa d'Elvas» provém da região de
Estremoz, de clima marcado.

Três outras espécies DOP
europeias são as polacas Sliwka Szydlowska e Szydlow e a italiana oval violeta (abrunho) Sisina di Dro da zona
Trentino-Alto Ádige, de clima especialmente agreste.
A ameixa é cultivada há milénios pelos melhores
domesticadores do nosso planeta. No Médio Oriente
e pelos chineses.

O sul da Europa com dois milhões de toneladas (surge em primeiro lugar no top de produção da Sérvia e em segundo no da Roménia, à frente da Turquia, Espanha,
Itália e Bósnia) produz cinco vezes mais ameixas
do que a América do Norte, mas metade do que é
produzido pela China, que ronda os cinco milhões. A palavra ameixa
escreve-se em chinês «li zi», o que quer dizer árvore
+ criança. Coloquem uma criança perto de uma
ameixeira e compreenderão porquê.

Os chineses preferem a ameixa grande, redonda
e verde com a qual fazem molhos, vinho, doces com
álcool (boa ideia) ou em vinagre. Também gostam dos
abrunhos, produzindo a Alemanha boas variedades a norte do Lago de Constança. A Europa central faz
brandy perfumado de ameixa e uma compota sem
açúcar na Roménia, a ameixa de Topoloveni.
Atualmente, é no clima oceano-mediterrânico
(na África do Sul e no Chile) que se desenvolve a cultura.
E porque não nós?

Veja na página seguinte: Que ameixeira plantar?

Que ameixeira plantar?

A diversidade é dominante. A minha cunhada gosta
delas macias e sumarentas e eu firmes e saborosas.


Em 1701, Louis Ligier escreveu na «La maison
rustique» («A casa rústica») que, «para ser de valor,
uma ameixa deve ter a polpa fina, macia e que se
derreta assim que entre na boca.

O sumo deve ser
doce e açucarado e deve ter um não sei quê que
o intensifique». De seguida, dá uma lista de 40
variedades de ameixeiras que considera como as
melhores.

As visitas do nosso jardim que provam as nossas
ameixas dizem que «conhecem uma ameixeira que
também dá ameixas assim boas». A solução é plantar
muitas ameixeiras verificando na nossa zona quais são as velhas variedades locais. A chamada Rainha Cláudia e a
sua família são clássicas tardias adaptadas à conserva. As longas violeta são boas secas. As amarelas (a
Mirabelle e a Santa Rita amarela) e as brancas (desde
há muito presentes, especialmente a «perdrigon
blanc», que «se colhe quando se corta a cevada»), são
boas para a mesa. As pequenas pretas são perfeitas
para compotas e para doces e também servem para ser destiladas.

Segundo uma especialista de marketing, os
europeus não gostam das ameixas bicolores,
portanto as verdes de manchas amarelas ou rosa são
irresistíveis. Com uma dúzia de ameixeiras, fica-se com uma
pequena ideia destes bons frutos. Agora existem até
ameixeiras para cultivar em vaso, numa varanda, as
Goldust.

A reprodução por semente é possível mas pouco
fiel, nada melhor que um bom produtor de árvores de
fruto. Os ingleses propõem uma trintena de variedades de St. Julien A ou
Pixy (árvores pequenas) para porta-enxerto. Trata-se
de um bom enxertador.

Texto: J.P. Brigand