Os ciprestes saltam à vista no jardim campestre que Teresa Paiva, proprietária da Quinta Salvador do Mundo, uma unidade de turismo rural em Sobral de Monte Agraço, mantém.

Localizado na região Oeste, envolvendo uma casa senhorial e agrícola, já foi propriedade do bispado de Évora. As suas origens perdem-se, assim, no tempo.

Teresa Paiva trouxe esta paixão de Itália, que cultiva juntamente com muitas flores e plantas aromáticas. «A minha relação com os jardins está diretamente relacionada com a Quinta Salvador do Mundo. Comecei com as flores e, como vivi alguns anos na Holanda, aproveitei essa estadia para fazer cursos de flores», revela.

«Mas foi ainda lá que comecei a interessar-me por jardins e plantas. Lembro-me de constatar com prazer o desabrochar das
plantas com flor no início da Primavera e num país onde o Inverno é longo e severo, a chegada da Primavera é festiva», recorda, com saudade.

Mas foi no final da obra na Quinta Salvador do Mundo e perante o imenso espaço em torno da casa, que esse esse gosto adormecido se avivou. «O jardim da Quinta Salvador do Mundo é um jardim em pleno campo. As espécies são rústicas e não requerem muito trabalho», realça.

«Uma grande extensão de rosmaninhos que nesta época já estão em flor, teucrium, chorinas que caem sobre os muros, diversas espécies de cotoneaster, algumas linhas de santolinas, ericas de preferência de flor branca, longas sebes de pittosporum ou pittosporum nana, formando enormes bolas, sebes de ligustrum, solanum contra a parede Sul da casa, cevadilhas ao longo de caminhos, escalónias e muitos ciprestes. Também vivi em Itália e lá apaixonei-me pela silhueta esguia e elegante dessa árvore que há em Portugal», refere.

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Quando começou, não sabia realmente por onde começar, assume hoje. «Recorri à ajuda de um paisagista que desenhou a zona da entrada da quinta. Logo aí, com a construção desses canteiros comecei a prestar atenção a tudo, nomeadamente à forma de preparar o terreno, às plantações, etc», recorda.

«Na segunda fase, ainda tive alguma ajuda e, a partir daí, já era eu a decidir. Usei mais ou menos as mesmas espécies cujo comportamento já era meu conhecido. E, saí-me bem», assume, sem falsos rodeios.

«Não faço frequentes alterações no jardim. Apenas substituo as plantas que morrem ou que, por alguma razão, não vingaram.
É essencial que um jardim seja planeado por arquitetos paisagistas», defende.

A escolha das plantas adequadas, tendo em conta o local, o terreno, as temperaturas atmosféricas, os ventos ou outros fatores, não é fácil e requer saber. «O dinheiro gasto com quem saiba fazer essa escolha é, a médio, longo prazo, uma enorme poupança
porque sendo a escolha certa, as plantas crescem e duram. Para não mencionar a implantação e desenho do jardim», sublinha.

«De Inverno, porque estou na cidade, dedico um dia por semana ao jardim. No Verão, todos os dias, uns mais, outros
menos tempo. Tenho uma pequena empresa local que trabalha comigo há já alguns anos, o ano inteiro, e que conhece o jardim tão
bem como eu», desabafa mesmo.

O jardim público que mais aprecia em Portugal é, contudo, o Jardim da Estrela. «Porque está arranjado, limpo e com vida. Há gente, muitas crianças, esplanadas, feirinhas... Os jardins são como as casas. Têm que ser vividos!», justifica. «Costumo visitá-lo com frequência e gosto muito, além de ficar a cinco minutos a pé de minha casa. Fora de Portugal gosto dos Kew Gardens, em
Londres», revê ainda.

Luvas e tesouras, grandes e pequenas, são as ferramentas que mais utiliza nas suas tarefas de jardinagem. «Costumo frequentar e adquirir plantas principalmente na Viplant/Oeiras e também no Horto do Campo Grande em S. Pedro de Sintra», revela. «O melhor presente de jardinagem que recebi foram umas tesouras de poda que uma amiga me trouxe de Bruxelas. O que ofereci foi um livro, «Deux mille ans de jardins» [«Dois mil anos de jardins»]», realça.

A nível de planos para o futuro, não traça grandes metas. «Tenciono adquirir para a Quinta Salvador do Mundo móveis de jardim, brancos e bem desenhados. E ainda alguns vasos grandes, em barro de cor clara», descreve.