Talvez lhe tenhamos chamado alongamentos, controlo da respiração, meditar, pensar ou simplesmente, sentir...

No fundo o Chi Kung é tudo isso com consciência plena disso mesmo. Ou seja, consciência que respiro, que alongo os músculos, os ossos, os tendões e acima de tudo, consciência que sinto!

À medida que aprofundo a minha prática, vou-me tornando mais forte. Tornando mais forte fisica, emocionalmente e até espiritualmente.

Em simultâneo com esta força, desenvolvo também a minha sensibilidade.
Consigo sentir o que acontece no meu corpo, o que se passa na minha mente, controlar a agitação da mesma, tudo de forma cada vez mais profunda.

Ao longo do tempo de prática, por menor que ele seja, a intensidade vai aumentando.
Numa posição de quietude, o corpo balança por ele sem que a minha mente o conduza. Simplesmente deixo fluir sem travar qualquer movimento do mesmo. Deixá-lo solto, sem pensar, sem comandar, sem dizer como fazer. Simplesmente estar, balançar, ficar quieto, aquilo que sentir, que lhe apetecer.

Ao mesmo tempo, a mente continua a querer falar e se não a ouço, ela grita e “bombardeia-me” com mil pensamentos em série para que a escute, como se fosse única, como se fosse a razão de tudo o que acontece comigo e em mim. Deixo-a convencer-se que é dona, que manda que condiciona, enfim, que faz o que quer.

Enquanto isso, enquanto a mente perde tempo a gritar para se fazer ouvir, o corpo balança, leve, sensivel mas forte, consciente e em sintonia com o que o faz mover.

Enquanto a mente fala, grita e se esgota, o corpo sente, harmoniza-se e simplesmente é.
Um dia, a mente percebe que não a oiço. Que o facto de falar muito e muito alto, serve apenas para cansar-se, atingir um estado de auto saturação, de frustração porque simplesmente não a oiço. O corpo já não obedece, porque está ocupado a ser.

Enquanto o corpo saboreia o prazer da quietude, a energia cósmica invade-o, percorrendo-o com as cores universais que fluem de cima para baixo e de baixo para cima, construindo um elo entre o céu e a terra.
Balança, sente e flui… As cores circulam, procurando locais de indentificação no corpo, pontos que fixam espirais e o revitalizam.

O corpo eleva parte dele, levantando os braços, sentindo o cosmos mais forte, ao mesmo tempo que os pés se afundam na terra.

O elo aumenta e todas as cores se fundem num branco cintilante.
Finalmente, a mente pára de gritar, pára de falar e deixa-se ir nesta fusão energética cósmica, identificando-se com o corpo que habita, fluindo, balançando e proporcionando uma explosão de emoções.
O corpo continua a balançar, tranquilo, solto, forte e leve. A mente viaja sem qualquer condicionante...

A emoção encontra-se num ponto intermédio de equilibrio...
E o Chi Kung dá lugar à essencia...

Vera Bilé
Brahmi
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