O que significa para si esta frase?

“Pássaros da mesma plumagem” pode significar almas afins, indivíduos com os mesmos interesses, visões do futuro e projectos. Seres de boa vontade que partilham de ideais individuais e/ou colectivos comum, que comungam da mesma vontade de se renovarem e de renovarem o mundo ao seu redor, de contribuir para que exista mais liberdade, dignidade, justiça, equidade, consciência ou verdade. Indivíduos que se identificam uns com os outros, e se reconhecem, por aspirações ou impulsos, semelhantes.

E “voarem juntos” pode significar, nesta perspectiva, que é em grupo mais do que individualmente, unindo esforços e recursos, amparados e motivados pela energia grupal para a qual contribuem - e que os amplia em retorno -, que a edificação das realidades futuras, idealizadas e partilhadas, pode acontecer.

E este é o Dom da Participação – procurar os da nossa “turma”, aqueles com quem partilhamos ideais, visões, aspirações, aqueles que são animados pelo mesmo espírito que nós. Honrar a necessidade profundamente humana de encontrar “iguais” com os quais se possa unir esforços para implementar uma visão partilhada por todos. Chama-se ao reconhecimento desse espírito comum “unanimidade”, isto é, um só ânimo. Em latim, “animus” significa “espírito”, aquilo que vivifica, energiza, dá vida. E quando um grupo de indivíduos é animado pelo mesmo espírito falamos de unanimidade.

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Mas isto é profundamente diferente de um grupo de indivíduos
que se une por uma identificação exterior, ou formal,
mais ligada com a aparência do que com a essência.

Quando estamos perante um grupo de pessoas que age da mesma forma, veste da mesma forma, repete os mesmos gestos e rituais que valem mais pelo aspecto exterior e formal do que pela essência da sua intenção, partilham dos mesmos ritos e hábitos, ou se socorrem dos mesmos símbolos exteriores de estatuto ou poder para encontrar aí um senso de identificação, comunidade ou pertença, falamos de uniformidade – isto é, de uma unidade de forma e não tanto de uma unidade de espírito.

Mas para que os “pássaros da mesma plumagem” voem juntos, há dois requisitos inevitáveis.

O primeiro e mais fundamental deles, parece evidente, é que cada um descubra a verdade essencial acerca da sua própria natureza e da sua própria “plumagem”.

Isto é, ter a firme intenção de ser fiel e verdadeiro a si próprio – enfrentando, se necessário, a inevitável pressão para a conformidade que vem não só de “fora”, da sociedade, ou da família, ou do grupo de pares, mas essencialmente de “dentro”, daquela parte que em nós tem medo de não pertencer, de não se enquadrar, de não ser aceite, de ficar à parte, de ser excluído, de morrer sozinho e abandonado se não pertencer a um “rebanho” e encontrar nele a mesma segurança e protecção que o rebanho oferece à ovelha.

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É que o preço de permanecer ovelha, sacrificando a própria autenticidade em prol da ilusão de segurança de pertencer ao rebanho, embora pareça menor no curto prazo, torna-se insuportável no longo prazo.
É o preço de nunca descobrir ou assumir a verdadeira individualidade, é o preço da falta de autenticidade, é o preço de nunca se vir a ganhar consciência de quem realmente se é, é o preço de permanecer aquém de quem se nasceu para ser ou tornar.

Então o primeiro requisito é descobrir, e assumir, a “cor” da própria plumagem. Na história do Patinho Feio, é fácil compreender que o sofrimento do “patinho” só durou enquanto ele se comparou, e se obrigou a ser, como os outros patos – até descobrir que na verdade era um cisne. Até reconhecer a sua verdadeira “plumagem”.

A este processo chama-se "Individuação": tornarmo-nos aqueles que somos, que nascemos para ser, e nos quais nos tornamos à medida que somos o que somos.

E é a grande tarefa simbolizada no signo oposto e complementar de Aquário: Leão.

O segundo requisito do Dom da Participação é procurar outros cisnes, ou melhor, outros “pássaros” da mesma plumagem.

Não se trata de procurar aqueles com que se partilha a uniformidade, mas daqueles com quem existe um senso de unanimidade.

Enquanto por auto-envolvimento, falta de generosidade, cobardia, orgulho e sobranceria, medo de perder a própria identidade ou qualquer outro motivo separatista existe a recusa em participar, colab

orar e contribuir em, e para, o Grupo, este Dom não pode ser desenvolvido.
Então o segundo requisito do Dom da Participação é ir à procura de “outros como nós”, outros que vejam, acreditem, idealizem, busquem como nós próprios. Não têm que ser iguais a mim; pelo contrário. Têm é que ser iguais a si próprios. É da unidade nascida da diversidade que se cumpre a Participação, e das sinergias criadas pela multiplicidade de identidades, interesses, estilos, talentos, valias, e abordagens à Vida.

Estes "Outros" partilham aspirações, interesses, frequências mentais, ideológicas ou espirituais, e é com estes outros que é natural, espontâneo, fluido haver um senso de identificação mais profunda do que superficial, essencial mais do que formal, e um senso de pertença a uma mesma “família cósmica”, um vago senso de familiaridade, bem-estar, ou simplesmente conforto e prazer na presença ou partilha.

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São os nossos "Irmãos de Jornada" com os quais, ao agregarmos poderes e vontades, podemos fazer infinitamente mais pelo destino colectivo do que qualquer um de nós poderia fazer apenas por si mesmo.

Onde estão aqueles com quem me posso identificar?

Onde estão aqueles que acreditam no mesmo que eu?

Onde estão aqueles com quem posso juntar esforços e contribuir e participar para fazer avançar a sociedade, para implementar uma visão partilhada do mundo, uma causa social altruística, os meus ideais? Onde estão os outros que têm, como Martin Luther King, um sonho que eu sonhe também? Onde estão os outros que posso servir, ou com quem posso servir mais e melhor unindo os meus esforços aos seus?

O Dom da Participação pode assumir a forma de um voluntariado, de um sindicato, de uma associação com ou sem fins lucrativos, da organização de eventos por um mundo melhor, pela Paz, pela solidariedade ou pela justiça, pela participação em grupos de auto-ajuda, serviço e crescimento espiritual, a colaboração em rede através da internet e grupos organizados de interesses.

Qualquer forma que permita honrar a essencial associação de esforços e recursos em verdade, autenticidade e respeito pela natureza própria, por forma a ajudar o mundo a evoluir, as consciências a mudar e os seres a sofrerem cada vez menos são prendas do espírito do Homem ao Mundo e de Deus ao Homem antes de mais, por nos permitir, a cada Um, reconhecer no coração do Outro a própria Divindade essencial.

E essa Fraterndade Amorosa é a meta da Era, e da energia, de Aquário.

Nuno Michaels:

Conselheiro astrológico a tempo integral, com mais de dez anos de experiência em aconselhamento e ensino. Mantém uma prática activa de acompanhamento a clientes em vários países do mundo e conduz grupos em Lisboa, Porto, Faro e Barcelona. É professor de Astrologia Psicológica e responsável pelo 5º Nível de Aprofundamento Astrológico no QUIRON – Centro Português de Astrologia.

Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa (1999) e finalista do Mestrado Integrado em Psicologia Clínica no ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada (2010), Life-Coach certificado pela ICC - International Coaching Community, Certificado em Consulting Skills for Astrologers (Denver, 2008 e Chicago, 2009) pela ISAR – International Society for Astrological Research.

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