“Mente de principiante” é a mente vazia e alerta, a mente que está pronta. Pronta para novas percepções. Pronta para observar, para ouvir, para aprender, para descobrir, aberta a novas respostas e novas perguntas.

A mente de principiante é a mente que não sabe, não assume, não rotula e não se fixa.“Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito”, escreveu o mestre zen S. Suzuki, referindo-se às limitações da mente que parou de aprender, que parou de se usar a si própria para se transcender, já não reverencia o mistério da vida, já não se deslumbra nem alegra perante a imensidão da sua própria ignorância.

A mente de principiante é, antes de mais, uma atitude integral perante a vida que a permite vivenciar como uma descoberta permanente, fazendo de cada novo contacto, experiência, conhecimento, princípio, ideia, palavra ou pessoa uma nova aprendizagem e a oportunidade de esticar os seus próprios limites e tirar partido sem fim do infinito potencial da mente humana, esticando-se de volta ao seu tamanho original – ilimitado.

Curiosidade significa a vontade de saber, de ampliar a mente, de saciar a fome humana por percepções, estímulos, aprendizagens; o prazer de inundar os sentidos com matéria para a mente processar e transformar em experiência e palavra, preencher os espaços vazios e ainda assim ganhar cada vez mais espaço com essa prática.

Curiosidade significa também o prazer, o alívio e a sabedoria de não precisar de saber. De simplesmente não precisar de saber. E por isso estar aberto a descobrir, a aprender. Desenvolver o conhecimento e a capacidade de estabelecer relações entre diferentes ideias, palavras, pensamentos, pessoas. Cavalgar a plasticidade, a habilidade, a maleabilidade da mente.

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Saber dizer bom dia e obrigado em sete línguas diferentes. Estar bem informado e poder conversar sobre diferentes assuntos com diferentes interlocutores. Adaptar-se às situações. Manter a mente treinada, em dia, em expansão permanente. Aprender tudo a propósito de nada, qualquer coisa a qualquer um. Manter a atenção, a energia mental a circular. Sem se focar no conteúdo, apenas no processo.

Ler jornais e livros, aprender todos os dias, ter a curiosidade de investigar a etimologia de uma palavra. Adaptar a própria comunicação em função do interlocutor, ter vários sinónimos por onde escolher a palavra melhor, dispor de recursos para dar forma e expressão a tudo quanto a mente possa gerar, oferecer palavras, ideias, conhecimentos e conceitos novos à mente para que ela gere novas coisas.

Manter o movimento, mas não perder o controlo nem o foco. Esse é o desafio associado ao Dom da Curiosidade.

Na sua origem, curiositas provém da raiz latina “cur” que significa por quê. É também a origem da palavra “cura” que quer dizer cuidado, e da palavra curioso, que seria aquele que teria sempre o cuidado de saber o por quê, de descobrir mais, de saber mais. Curiositas era uma virtude, associada ao desejo da mente pelo conhecimento, e uma motivação nobre e louvável.

Mas curiosidade também é usada, hoje em dia, para designar a sua expressão negativa: a necessidade de saber o que não lhe diz respeito, a afã excessivo de pensar ou discutir trivialidades, a tendência a dividir a atenção por coisas sem importância, a perder tempo ou energia com bisbilhotices e informações inúteis, a perder-se num amontoado de informações sem nexo nem dimensão que não só não acrescentam nada como só criam ruído mental, confusão, e dispersão.

Não é dessa curiosidade, dessa que tem efeitos opostos sobre a própria mente – e a que os antigos chamavam cupiditas – que estamos a falar.

De cupiditas sofreu na mitologia Pandora, aquela que se fez esposa de Epimeteu e a quem deram os deuses uma caixa com a recomendação de que nunca a abrisse, pois continha lá dentro todos os males e desgraças do mundo.

Por não ter resistido ao pior da sua própria curiosidade, sucumbiu Pandora à tentação de ver o que havia dentro da caixa – e libertou toda a espécie de males sobre o mundo (o egoísmo, a crueldade, a inveja, o ciúme, o ódio, a intriga, a ambição, o desespero, a tristeza, a violência, e todas as outras coisas que causam miséria e infelicidade). E todos os males podem ser chamados por um único nome: Ignorância.

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O ignorante sofre inevitavelmente de todos os outros males. Se a mente não é de principiante não aprendemos, não mudamos de ideias, não crescemos, não nos ampliamos, não conhecemos, não fluímos, não deslizamos, não nos desdobramos, não nos entrosamos, nem podemos.

Para honrar a energia de Gémeos permita-se, gradualmente, saber cada vez menos. Faça cada vez mais perguntas. Esteja atento ao seu redor. Observe realmente as coisas e as pessoas. Escute-as, não as oiça simplesmente. Leia. Vá a sítios novos. Leia páginas do dicionário. Peça indicações a pessoas na rua ou no café mesmo que saiba o caminho. Torne-se um aprendiz, uma criança de cinco anos que está a descobrir o mundo, um olhar novo sobre o mesmo mundo. E isso é tudo quanto basta.

“Se puderes olhar, vê. Se puderes ver, repara.” José Saramago

Veja em vídeo no Sapo Zen as Previsões 2013 : Nuno Michaels

Nuno Michaels:
Conselheiro astrológico a tempo integral, com mais de dez anos de experiência em aconselhamento e ensino. Mantém uma prática activa de acompanhamento a clientes em vários países do mundo e conduz grupos em Lisboa, Porto, Faro e Barcelona. É professor de Astrologia Psicológica e responsável pelo 5º Nível de Aprofundamento Astrológico no QUIRON – Centro Português de Astrologia.

Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa (1999) e finalista do Mestrado Integrado em Psicologia Clínica no ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada (2010), Life-Coach certificado pela ICC - International Coaching Community, Certificado em Consulting Skills for Astrologers (Denver, 2008 e Chicago, 2009) pela ISAR – International Society for Astrological Research.

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