Ele pode ser traduzido, ou entendido, como a contínua melhoria de tudo por todos. Tudo pode e deve ser melhorado em algum aspecto, continuamente; e cabe a cada um, enquanto procura melhorar a si próprio, melhorar também o mundo (a família, a sociedade, a empresa, o planeta) à sua volta.

Desta forma, todos são responsáveis por criarem, para si mesmos e para os outros, uma vida cada vez melhor. Na perspectiva “kaizen”, apanhar lixo do chão, por exemplo, não é atribuição exclusiva de quem faz a limpeza, mas de qualquer pessoa que o possa recolher e deitar fora. É um conceito transversal e independente de hierarquias – imagine este conceito impregnado na cultura da nossa sociedade, nas empresas, nas escolas, nas famílias, em todo o lado, por toda a gente, todos os dias.

A melhoria contínua de tudo por todos requer, e oferece em troca, a contínua melhoria de cada um graças aos seus próprios esforços diligentes. Ao aperfeiçoar-me posso aperfeiçoar o mundo e ao fazê-lo estou a aperfeiçoar-me a mim próprio. A sinergia perfeita.

No Ocidente, um psicólogo, farmacêutico e pioneiro de auto-hipnose chamado Emile Coué usou uma frase, uma única frase, como forma de cura para os seus pacientes. Ele dizia que não curava os seus pacientes, apenas os ajudava a curarem-se a si próprios. E instruía-os a repetirem para si próprios, de manhã e à noite, a frase que se destinava a programar a sua mente subconsciente: “De dia para dia, e sob todas as formas, estou melhor e melhor e melhor”.

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A melhoria contínua é a fórmula mágica da saúde, da vitalidade, e do senso de realização pessoal. E esse é o Dom que propomos para este mês: comprometer-se com o seu aperfeiçoamento diário, e aproveitar quaisquer oportunidades de melhorar as condições no mundo em redor - através de ações concretas que traduzam a vontade de servir e o prazer em ser útil.

Não é propriamente de altruísmo que se trata. Quer dizer, é, mas como consequência e não como objectivo ou método. Melhorar a si mesmo e ao mundo em redor é, antes de mais, uma forma de auto-aperfeiçoamento que honra o impulso natural do Homem para aproximar a realidade dos seus próprios ideais de perfeição e por isso a realizar a sua natureza integral. É uma questão muito mais egoísta do que parece à primeira vista.

É muito importante distinguir aperfeiçoamento de perfeição para explicar que se o primeiro é o desejável, a segunda é impossível. Apesar de ser um substantivo como “casa”, “flor” ou “quadro”, “perfeição” não existe, não tem existência própria nem sequer como estado, não corresponde a nada que exista – é simplesmente uma abstração da mente do Homem. Um ideal, dizemos.

O que existe, sim, é o processo interminável de aperfeiçoamento que faz com que hoje eu seja ligeiramente melhor que ontem, e prepare as condições para amanhã ser ainda melhor do que hoje.

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Mas quando dirijo para o mundo e imponho sobre ele a minha própria necessidade de perfeição, como se fosse possível ou suposto encontrá-la, enquanto me recuso a aperfeiçoar-me a mim mesmo e ao mundo à minha volta de forma gradual e concreta, estou condenado a ressentir-me com a inevitável imperfeição das circunstâncias. Vou ressentir-me porque o exterior, os outros, as coisas, enfim, não são perfeitas, não estão suficientemente bem, adequadas, limpas, arrumadas, claras, definidas.

Torno-me crítico, exigente, insatisfeito, perfeccionista, obcecado com pequenos detalhes que me impedem de ter visão de conjunto, de relativizar os mil milhões de pequenas contrariedades, de ter um vislumbre de unidade. A minha vida torna-se um milhão de fragmentos sem relação nenhuma aparente entre eles, está tudo compartimentado, não existe um senso de coesão. E perante o pavor do caos pressentido, dedico-me ainda mais obsessivamente a controlar todos os pequenos pormenores na esperança de não ser engolido por um imenso e desconhecido momento presente.

Torno-me viciado no trabalho, escravo de rotinas sem sentido nem amor, hipocondríaco, amargurado, sobreanaliso e racionalizo; tenho uma capacidade imensa de provar – ingloriamente – que a vida não tem razão ou direito a fluir como flui. Também consigo provar que os sentimentos dos outros estão errados, enquanto lido com a minha própria revolta contra a imperfeição alheia, e com o meu medo de perder o controlo perante um imenso desconhecido.

Mas este esforço todo não me serve de nada, porque a realidade imperfeita insiste em intrometer-se na minha bolha de insatisfação e perfeição idealizada. Até que mais tarde ou mais cedo somatizo, o corpo manifestando a dolorosa fragmentação do espírito. Resisto, não fluo. São três os meus bloqueios: criticismo em vez de diligência, julgamento em vez de discriminação, análise em vez de síntese.

Conhece a história "O Tesouro de Bresa"? Procure-a, vale a pena. Leia-a, encontra-a provavelmente na net - google it up! É a história de um alfaiate que compra um livro com o segredo de um tesouro. Mas para descobrir o segredo, ele tem que decifrar tudo o que vem escrito no livro. E o que aprendemos com a sua aprendizagem é surpreendente. A história acaba bem... o alfaiate acaba próspero e rico, mas não bem da forma que imaginava...

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Todos os anos, durante a passagem anual do Sol pelo Signo de Virgem (ou pela sua Casa VI, caso conheça e saiba identificar estes posicionamentos no seu Mapa Astrológico), quando se for deitar, evoque e recapitule o seu dia. Reserve três minutos para recordar e se deter um instante nos principais acontecimentos, situações e interações do seu dia. Identifique os momentos e as situações que lhe pareceram erradas ou injustas, e as pessoas que deu por si a julgar durante o dia. Este exercício vai diverti-lo mas acima de tudo surpreender.

Por momentos, suspenda o seu juízo. E assuma que essas situações ou pessoas que você julgou, durante o dia, estão absolutamente correctas –isso não faz com que você esteja completamente enganado, é só um exercício. E se o que eu julguei como errado estiver absolutamente correcto?

Assuma consigo mesmo o compromisso de se inscrever, antes que esse mês termine, num curso de desenvolvimento pessoal, artístico ou técnico que o enriqueça, lhe dê novas ferramentas para trabalhar, servir ou criar, conhecimentos com que possa dar forma a um talento, dom ou interesse latente. Um curso em finanças pessoais, pintura, astrologia, fotografia, técnicas de massagem ou cura, criação artística, expressão corporal, comunicação, dança, criação de bonsais ou manutenção de aquários – a escolha é sua.

E recorde, sempre que ouvir falar de perfeição, que é de aperfeiçoamento que se trata.

“Se eu não morresse nunca, e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas” Cesário Verde

 

Nuno Michaels:
Conselheiro astrológico a tempo integral, com mais de dez anos de experiência em aconselhamento e ensino. Mantém uma prática activa de acompanhamento a clientes em vários países do mundo e conduz grupos em Lisboa, Porto, Faro e Barcelona. É professor de Astrologia Psicológica e responsável pelo 5º Nível de Aprofundamento Astrológico no QUIRON – Centro Português de Astrologia.

Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa (1999) e finalista do Mestrado Integrado em Psicologia Clínica no ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada (2010), Life-Coach certificado pela ICC - International Coaching Community, Certificado em Consulting Skills for Astrologers (Denver, 2008 e Chicago, 2009) pela ISAR – International Society for Astrological Research.

Contactos:
Site: http://www.taoenchoice.com

E-mail: nunomichaels@gmail.com
TlM: 91 600 16 35