Grande parte do que chega até si é trazido pelos misteriosos e insondáveis meandros cósmicos. Não depende tanto do seu esforço, vem até si como uma onda que ressoa, e responde, à sua própria “onda” energética.

A abundância não se sujeita, compadece, ou é conivente com o medo, pois é, antes de mais, uma resposta da Vida à nossa própria confiança nela. E não consiste numa batalha de puxa-empurra contra o que não se quer, desviando-se, puxando-se a si próprio para a frente, empurrando para o lado os outros na tentativa de obter o que quer, de evitar perder o que já tem - enquanto tenta obter todas as outras coisas que também deseja mas ainda não tem, ao mesmo tempo que evita perder as que quer e já tem, e tenta livrar-se, por cima disto tudo, daquelas que ainda tem mas já não quer, e ainda lida com todas aquelas - mais difíceis de aceitar ou reconhecer - que também deseja, ou com que sonha, e que não admite para si próprio.

Não, essa luta não é abundância. Aliás, abundância e luta são termos contraditórios. Essa luta é, quanto muito, uma tentativa de obter segurança – nascida do medo e da crença no esforço, nascida da ilusão da separação em relação ao todo do universo, nascida da permeabilidade a valores culturais e sociais colectivos de uma sociedade desalmada, sem espaço para o divino, o mistério, e o milagre. A luta pela segurança não dignifica – antes diminui - a natureza, a potência criadora e a divindade do ser humano.

A luta pela segurança nasce do medo – e isso diz tanto acerca da sua qualidade essencial, e da sua capacidade de nos condicionar se lhe entregarmos esse poder.

Segurança e abundância são coisas profundamente diferentes.

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Recorde a máxima: “só os inseguros lutam pela segurança”, e aceite – pelo menos como hipótese temporária - que a necessidade de segurança nasce da preguiça, ou indisponibilidade, em dar um uso construtivo e prático aos próprios talentos, dons, valores, interesses, ou possibilidades criativas.

Materialize e honre os seus talentos, dons e capacidades de uma forma prática, e verá como a questões ligadas à “segurança” pessoal começam imediatamente a assumir outros contornos. Por exemplo, saiba que se está num trabalho que você não valoriza, não gosta, não o realiza, e se se mantém nele apenas por uma questão de sobrevivência ou segurança, você está a desvalorizar-se e a comunicar ao mundo a mensagem de que você não merece melhor, nem ser feliz, nem realizar-se, nem ganhar dinheiro a fazer aquilo que faria por prazer, e eventualmente de borla.

Pois é essa a profissão ideal a que todos aspiramos e que um dia todos teremos: podermos ser reconhecidos social e profissionalmente, sendo pagos para fazer aquilo que faríamos de borla, por ser da nossa natureza e nos dar prazer, atendendo a uma necessidade do colectivo de uma forma que para nós seja autêntica.

Por isso a verdadeira segurança nasce de uma escolha: a escolha de dar um uso prático e produtivo ao que nos dá prazer e que são os nossos dons, talentos e capacidades. A alternativa a isso é desvalorizarmo-nos e sacrificarmos o verdadeiro prazer em nome de prazeres sucedâneos – e que geralmente custam dinheiro, retroalimentando a prisão que criamos para nós mesmos – para nos compensarmos, na medida do possível, da triste evidência de que não vivemos à altura do nosso potencial e, por isso mesmo, infelizes.

Mas abundância vai mais longe do que segurança. A segurança é, neste contexto, mais fácil de conseguir, porque depende de uma escolha – a escolha de pagar o preço de dar forma profissional, funcional e social aos nossos talentos, dons e interesses.

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Viver em abundância não depende do esforço, do controlo, de agir, fazer, impondo a própria vontade ao mundo num acto puramente masculino (conseguir, conquistar, lutar, provar, atingir, etc.) – e desgastando a si mesmo no processo.

Mas depende de si. Depende de uma escolha, de um treino, de uma auto-observação, de uma vontade de viver de uma certa maneira. Porque a abundância não é tanto um resultado de um esforço quanto um estado de consciência com que cada um de nós se pode sintonizar por escolha própria. Ou duvida que há pessoas com muito que na sua mentalidade são pobres, e pessoas com muito pouco e que na sua mentalidade são ricas? A abundância é, antes de mais, um estado de consciência, uma mentalidade, uma forma essencialmente subjectiva e auto-determinada de interpretar e sentir o real.

A partir de hoje, comece a viver como se soubesse, com todas as células do seu corpo, que o universo é abundante e com recursos mais do que suficientes para lhe proporcionar, ao longo das suas ondulações sucessivas, tudo aquilo que você possa precisar ou querer.

- afirme para si próprio, todos os dias e em todas as situações e momentos em que se lembre de o fazer: “eu sou abundante” e viva como se isso fosse a verdade, mesmo que inicialmente custe um bocadinho a acreditar. Deixe gorjetas. Empreste livros. Ofereça-se para ajudar com o seu tempo, os seus recursos, os seus conhecimentos. Ofereça um café a um desconhecido. Dê esmolas. Ofereça a si mesmo esse livro que o vai enriquecer, esse curso para o seu desenvolvimento e enriquecimento pessoal. Viva sempre como se tivesse mais do que suficiente. Mantenha os recursos a circular na sua vida – a circulação das energias é um dos mais valiosos ingredientes da abundância.

Ou o seu medo tem o poder de o fazer temer que o universo não tenha um euro, ou quinze, para lhe devolver mais à frente? No dia em que o universo não tiver um euro para lhe devolver, estamos mal. É pouco provável que o universo não lhe devolva abundantemente o retorno da sua generosidade e voto de confiança.

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- recorde também que abundância não se esgota em termos materiais ou financeiros, mas que se expressa também através de todas as pessoas maravilhosas que tem na sua vida, de todas as coisas boas de que já está rodeado e que lhe proporcionam prazer, conforto, segurança e bem-estar, da sua boa saúde, da perfeição do seu corpo, da energia que todas as manhãs tem à sua disposição para viver mais um dia com alegria e vitalidade, e de todas as outras bençãos negligenciadas que tantas vezes esquecemos de reconhecer e agradecer. Agradeça por tudo o que já tem na sua vida, em vez de viver apenas focado no que não tem. Como diz uma máxima amplamente divulgada hoje em dia: “reconhecimento e gratidão geram abundância”

- leia livros sobre abundância, inteligência financeira e valorização pessoal, e aplique as sugestões contidas na grande parte deles. Funcionam, se você as fizer funcionar. Comprometa-se a ler pelo menos um livro sobre esse tema, durante o próximo mês, e observe os resultados da sua experiência.

- saiba que o universo é uma câmara de eco para os seus pensamentos, e um abundante reservatório de recursos ao seu dispor. Afirme a essência do que quer (os exercícios mensais da Lua Nova ajudam tremendamente neste processo) e deixe que o Universo satisfaça os seus pedidos – da forma, e no timing, sempre cosmicamente perfeitos e que ultrapassam tantas vezes a vã tentativa humana de compreender os seus desígnios.

Por exemplo, não peça uma relação com uma pessoa específica, mas com alguém com as mesmas qualidades; não peça uma casa específica num sítio específico, mas uma casa e um local com as características que deseja: concentre-se no aspecto essencial, e deixe que o universo trate das formas e dos detalhes concretos.

Viva como se, e lentamente a realidade começará a mudar. Acima de tudo, deixe-se surpreender pela abundância que existe ao seu redor, ao seu dispor. Não aceite, nem se imponha, limitações. Honestamente, e aqui entre nós: prefere ter razão (no seu medo de não ter, na sua crença na carência e na insuficiência, na mentira de que tudo tem que ser com esforço), ou prefere ser feliz?

Esclareça a sua escolha, assuma-a, e manifeste-a. Afinal de contas, é com os resultados dela que viverá.

Nuno Michaels:

Conselheiro astrológico a tempo integral, com mais de dez anos de experiência em aconselhamento e ensino. Mantém uma prática activa de acompanhamento a clientes em vários países do mundo e conduz grupos em Lisboa, Porto, Faro e Barcelona. É professor de Astrologia Psicológica e responsável pelo 5º Nível de Aprofundamento Astrológico no QUIRON – Centro Português de Astrologia.

Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa (1999) e finalista do Mestrado Integrado em Psicologia Clínica no ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada (2010), Life-Coach certificado pela ICC - International Coaching Community, Certificado em Consulting Skills for Astrologers (Denver, 2008 e Chicago, 2009) pela ISAR – International Society for Astrological Research.

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