Por ignorância, a maioria das mulheres e homens do mundo estão mergulhados no seu próprio sofrimento. Em cada evento diário, que possam os indivíduos considerar desagradável reagem elas ou eles com desarmonia e com grande desagrado, e assim uma boa parte da humanidade que conhecemos gera sofrimento. A este círculo vicioso e condicionado - a Filosofia Budista chama de “Samsara”.

Embora os anos noventa tivessem representado para as ciências médicas um marco no melhor entendimento da mente humana, pois, o cérebro, pela primeira vez apareceu detalhadamente na tela de computadores da investigação científica de muitas Universidades do mundo, revelando os segredos de uma fisiologia misteriosa e da química psíquica que animou a safra de novas moléculas destinadas a curar todos os males e transtornos mentais, temos ainda que nos afastar da ideia que Freud seja “um mago” e que drogas como o prozac sejam tidas como a “droga da felicidade” ou como a panaceia universal, nomeadamente para o mal da “depressão”, que tanto ataca e fere de morte muito do aglomerado da sociedade humana dos nossos dias. É necessário e urgente afastarem-se as pessoas de pensar que basta apenas tomar uma pílula, seja ela qual for, para que tudo na vida esteja resolvido. Vejamos: prostração, ansiedade, a zanga de namorados, os amuos dos amantes, as crises conjugais, a frustração profissional, os desejos descontrolados, a exaustão das ideias positivas, o cansaço da não-realização, a falta de dinheiro, o desemprego, a crise de fé, o desespero da desocupação, a insatisfação com a realidade, a ruptura com a interioridade, são, efectivamente, aspectos que pouco ou nada têm a ver com aquilo que habitualmente a medicina designa por “depressão”; pelo contrário, tem a ver com a imensa crise de valores, com a desumanidade com que a sociedade trata os seus problemas humanos e morais, com a falta de alma, ou melhor, com o comércio desaustinado e egoísta da alma humana, com estado de espírito dos indivíduos, com a condição geral das nações e do próprio mundo de hoje. Enfim, estamos a falar da terrível desagregação de carácter dos indivíduos, com a extrema fraqueza das suas crenças mais recônditas, com a perda da manutenção espiritual da civilização moderna e, muito particularmente, com a invenção do “estado providência”, que a política moderna oferece a todos os incautos para que eles cada vez mais sejam psicologicamente débeis, menos mental e intelectualmente competentes, menos mulheres e homens que tomem conta do seu próprio futuro!

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Felizmente, e já não era sem tempo, pelo menos numa perspectiva científica convencional, este século começa com mais uma reviravolta nos estudos sobre a mente. Pesquisas de instituições respeitadas do mundo inteiro sugerem e atestam que os mais modernos anti-depressivos podem, em muitos casos bem estudados e bem conduzidos por profissionais competentes, ser substituídos – ou pelo menos complementados – por uma das mais antigas práticas do mundo oriental: a Meditação. A este respeito, a Dra. Sara Lazar, neurocientista do Massachusetts General Hospital, que é afiliado da Universidade de Harvard, afirma: “Há vários estudos que demonstram que a meditação diária é muito útil no tratamento da depressão, da ansiedade crónica e do stress”. Curiosamente, nos Estados Unidos e Canadá, como em alguns países da Europa, várias são as escolas de medicina que transformaram a meditação em disciplina. Muitos são, também, os hospitais que oferecem espaços e orientação para a prática da meditação, e isso para tranquilizar os pacientes antes das cirurgias, pois, de acordo com as diversas pesquisas, quem pratica diariamente a meditação necessita de doses menores de anestesia, de relaxantes e de calmantes. Nos Institutos Presidiários, também muitos são os instrutores que ensinam a técnica para tentar reduzir os índices de violência. Em Portugal posso bem eu certificar essa realidade, pois desenvolvo desde há seis anos um projecto-piloto numa das principais prisões do país!

Muito teria para dizer sobre a meditação, mas, na realidade, são dois os factores que mais explicam esta actual onda da meditação em Portugal e no mundo ocidental. O primeiro factor – é o descontentamento do homem moderno perante uma tremenda rotina de trabalho cada vez mais desgastante e insalubre. Meditar é uma boa oportunidade para dar um tempo, para desligar da rotina, ou, simplesmente, desacelerar a tremenda correria em que o homem citadino e civilizado anda nos dias de hoje. O segundo factor – é o aval que a prática milenar de monges tibetanos tem recebido de técnicos sérios ligados à ciência do mundo ocidental. Por exemplo: o famoso e iminente neurocientista americano, Prof. Dr. Richard Davidson, da Universidade de Wiscosin-Madison, USA, afirma de forma peremptória que a meditação altera positivamente as estruturas cerebrais e muda o padrão das suas ondas, protegendo o seu praticante da depressão, da ansiedade e dos efeitos nefastos do stress.

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Assim, em vez do leitor ficar passivamente com o seu “condicionamento”, sentado e quedo, com a sua “relação de longa duração” entre os seus neurónios, ou melhor, com as marcas mentais do seu desassossego, da sua dor moral, da sua apreensão latente, por que não experimenta a prática da meditação? Certamente, vai com toda a infalibilidade achar que é muito mais salutar para o seu organismo e, nomeadamente, para a sua bolsa!

Bem-haja!
Carlos Amaral

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Convidado Carlos Amaral

O Autor:

  Carlos Amaral, Venerável Lama Khetsung Gyaltsen

Mestre em Naturopatia;Especializado em Medicina Ortomolecular; Medicina Homeopática; Medicina Homotoxicológica; Medicina Ayurvédica e Tibetana;Doutorado em Religiões Comparadas e em Metafísica;Investigador em Psicologia Transpessoal & Regressão Memorial;Professor de Budismo, Meditação Tibetana, Raja-Yoga, Kryia-Yoga e Karma-Yoga; Autor e Palestrante.

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