OS TRÊS VENENOS QUE GERAM DESVENTURA E DOENÇA...

Assim como sempre, tentarei ser objectivamente claro, filosoficamente proporcionado e proveitoso, cientificamente translúcido e comunicador de uma realidade científica deveras surpreendente e francamente incontornável, subordinada ao tema “da Consciência ao Espírito”, aonde discorrerei sobre assuntos que ainda são para muita gente deste nosso Portugal provinciano autênticos embargamentos da razão, e da aspiração de conhecer, e para outras tantas, motivo absurdo de escrúpulos por razões que, regularmente, essas mesmas pessoas concedem ao mundo pessoal das suas crenças religiosas uma qualquer condenação que dessas convicções nunca surgiu e, ainda para outras tantas, a existência de uma simplória suspeição que se torna em linguagem mais elegante e civicamente adequada um “síndrome” designado por cepticismo que tanto molda a mente de muitos indivíduos que pretendem, honesta e profundamente, muitas vezes saber um pouco de tudo, mas, por razões contraditórias, talvez antecipadoras do stress incapacitante de um livre raciocínio, ficam alienados pelo mundo da ilusão onde a incerteza das coisas nele existentes fica como infalibilidade válida e preconceito insensível, incontornavelmente inflexível. Enfim, e no fim desse imenso leque humano, que efectivamente engrossa o chamado pluralismo das sociedades assumidamente modernas, encontram-se aquelas almas límpidas que procuram a harmonização dos conceitos, o equilíbrio das impermanentes exactidões e, nomeadamente, a verdadeira oportunidade de evoluírem e serem realmente agregadas ao Universo Creador que é sustentáculo de toda a manifestação celestial da natureza humana, planetária e inter-galáctica.

Mas é realmente necessário identificar muitas das principais causas geradoras do stress diário, sendo isso, sem sombra de dúvida, o primeiro passo para todos aqueles que buscam de forma autêntica diminuir essa grandiosa maleita dos nossos dias, para poderem reconhecer os componentes positivos que lhe proporcionarão uma melhor qualidade de vida. Para tanto é sempre bom lembrar o seguinte: o trecho mais importante nesta nossa longa jornada é adquirirmos consciência de que não precisamos encontrar “coisas novas” durante todo o processo de busca interior, mas, bastará apenas, estarmos abertos para verificar que as coisas ditas “antigas” podem ser interpretadas e vividas de uma outra feição. Se a humanidade toda conseguisse fazer esta “transmutação” mental, verificaria que o domínio dos condicionamentos a que esteve desde sempre sujeita é muito maior do que supôs.

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Mas, como prometido no título, vamos abordar o que a Filosofia Budista chama muito acertadamente de os três venenos, que são: a ignorância, o apego e a aversão.

Primeiro grande veneno – aqui a palavra ignorância não deve ser lida ou sentida como algo pejorativo. Naturalmente que a sua conotação é uma reminiscência dos nossos velhos hábitos, das nossas anteriores sinapses, dos nossos pessoais condicionamentos, que tantas vezes ensombram a noção da realidade e fazem-nos compor juízos de valores iludidos em tantas situações do nosso dia-a-dia. Este veneno representa um grande vício que aprisiona tantos seres dentro de um panorama ilusório e altamente confuso, que obriga os indivíduos a passarem uma boa parte da sua vida insistindo em ver e ouvir coisas como gostariam que fossem, acabando por corromper a realidade dos factos que derivam do querer individual.

Segundo grande veneno – aqui o apego é dilecto filho esbanjador da ignorância. Por que as pessoas normalmente vivem permeadas de circunstâncias nefastas, inconscientes e inconsequentes, acabam por se identificarem com rótulos que, gradativamente, constroem para elas mesmas. Logo, apegarem-se a títulos, diplomas, certificados, posicionamentos sociais, não será viver em perfeita sintonia consigo mesmo. É, sem dúvida, realmente muito importante estar todos muito cientes de que todas as coisas são transitórias, impermanentes, subitamente transformáveis. Caso contrário, qualquer que seja a mudança e, por mais pequena que ela seja, poderá tudo o que acontecer gerar terrível e perigoso stress, tal como descontentamento, perturbação profunda e grande tristeza. Ao identificarmo-nos com o nosso cargo, ao ansiarmos com a marca e troca do carro anualmente, ou até com uma constante aprovação das pessoas que nos rodeiam, caímos gradativamente na desconexão com a nossa própria essência e passamos a viver entre um passado, sem presente, projectados num futuro, inexistente; dado que, e é inegável esta minha afirmação, tudo pode mudar inesperadamente.

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Terceiro grande veneno – a aversão é uma outra forma de as pessoas afirmarem o seu ego, os seus registos preconceituosos e os seus tão cáusticos pontos de vista. Geralmente, as pessoas na sua grande maioria, alimentam aversões descabidas, pendendo a comentar os factos de uma forma simplista e muito linear. Porém, e já deviam as pessoas saber isto, não somos seres simples, pelo que posicionamentos demasiadamente empolados e contundentes ordinariamente escorregam para opiniões impositivas, realmente erradas e, muitas das vezes, fundamentalistas e produtoras de crises psicossomáticas que alimentam enfermidades físicas, morais e espirituais.

Efectivamente, caríssimos leitores, nenhum homem é realmente uma ilha; qualquer um de nós é parte integrante de um todo. A morte física de qualquer homem me deixa mais pobre, porque faço parte da humanidade; assim, devíamos nunca procurar saber por quem dobram os sinos, relembrando: “Eles dobram por Ti”, já afirmava John Donne!

Bem-haja!
Carlos Amaral

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Convidado Carlos Amaral

O Autor:

Carlos Amaral, Venerável Lama Khetsung Gyaltsen

Mestre em Naturopatia;Especializado em Medicina Ortomolecular; Medicina Homeopática; Medicina Homotoxicológica; Medicina Ayurvédica e Tibetana;Doutorado em Religiões Comparadas e em Metafísica;Investigador em Psicologia Transpessoal & Regressão Memorial;Professor de Budismo, Meditação Tibetana, Raja-Yoga, Kryia-Yoga e Karma-Yoga; Autor e Palestrante.

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