Hoje recebi uma mensagem que dizia assim: “chamo-me Inês, sou do signo de Leão e quero saber coisas sobre o amor”.

E eu pensei:
Não queremos todos?

Recordo quando os veículos da minha personalidade tinham vinte e quatro anos e me consultei com um grande (enorme!) astrólogo americano que me disse:

“you have a lot TO LEARN about relationships, and when you get to be older, you will have A LOT TO TEACH about relationships” (as maiúsculas são minhas, porque na frase dele não se viam capitais, mas reflectem as bem inflexões de voz – ou a forma como as recebi).

E recordo como desde então (e até aí, para dizer a verdade) foram anos de ferozes aprendizagens :)

Hoje vivo com a consciência de que os relacionamentos são antes de mais oportunidades de aprendizagem – sobre nós próprios, antes de mais, e sobre a natureza humana, sobre as dinâmicas próprias presentes nas interacções das psiques, sobre a cura das nossas feridas mais arcaicas, sobre a capacidade de sobrevir à dor, ao medo, à frustração, à raiva, ao orgulho e a tudo o resto que sobra dos nossos encontros humanos no caminho de regresso a Casa.

E essa consciência liberta-nos do peso da cruz. Não nos salva da cruz, que é condição humana - mas liberta-nos do seu peso.

Se pudéssemos intuir a qualidade essencial das energias de vida em manifestação e a grande batalha energética que está a ter lugar a cada momento compreenderíamos que “bem” e “mal”, “pecado” e “virtude” não são conceitos subjectivos e emocionais mas uma avaliação humana pessoal de consequências impessoais. As coisas são, e o que as coisas são depende da sua qualidade energética. E depois, independentemente do que as coisas são, existe a nossa opinião subjectiva sobre o que nós achamos das coisas – o fabuloso destino da mente pulante.

Olhemos para a coisa assim. Há energias, que a Astrologia mapeia em 12 diferentes qualidades. Há leis rigorosas e imutáveis que regem todas as energias, que a intuição revela ao sábio e esconde ao tolo (e desespera os que estão no meio). E há consequências energéticas. O universo é muito impessoal: “Semeia um comportamento, colhe um hábito, semeia um hábito, colhe uma personalidade, semeia uma personalidade, colhe um destino.”

A nossa energia magnetiza a nossa própria experiência.

Num Universo energético regido por Leis rigorosas, as energias se atraem como precisam e merecem – e merecimento, aqui, significa ‘qualidade energética’. Energias da mesma frequência entram em ressonância. Dinamizam-se. Atraem-se, repelem-se - no mínimo encontram-se. Isso é certo.

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Por isso atraímos para os relacionamentos aquelas pessoas com quem temos aprendizagens a fazer, energias a transmutar, lições a ensinar e mudanças a aprender. Diversos estudos feitos por psicólogos reuniram diferentes homens e mulheres num mesmo grupo, e foram-lhes dadas instruções para identificarem as pessoas que espontaneamente mais os atraíam. Tratava-se de escolher “às cegas”, sem conhecimento prévio nenhum sobre o outro. O único critério seria o da empatia ou atracção espontânea.

O que se verificou na esmagadora maioria destas experiências foi que os homens e mulheres do estudo se sentiam mais atraídos por pessoas que tinham histórias de vida parecidas com as suas próprias, ou seja, pessoas que partilhavam “temas comuns” marcantes nas suas vidas: abandono, violência, ausência de um ou ambos progenitores, a perda de um irmão, etc.

Assim, por exemplo, pessoas com um pai ausente durante a infância tendiam a sentir-se atraídas por pessoas com uma história idêntica de ausência; outras, vítimas de maus tratos físicos ou psicológicos, tendiam a sentir-se atraídas por pessoas com uma história idêntica de abusos; e a quantidade destas ocorrências “coincidentes” era excessivamente elevada para se dever ao acaso – a uma mera probabilidade; teria de haver uma explicação psicológica para esse facto estatístico.

E como a Psicologia (e a sociedade, de resto) não tem como incluir a realidade das energias, a hipótese explicativa que os psicólogos encontraram foi uma suposta “comunicação não-verbal” muito subtil que transmitiria de uns aos outros informação, emitida e descodificada inconscientemente por cada um de nós, que permite a todos nós saber muito mais sobre o outro (e ao outro saber sobre nós) do que conscientemente sabemos que sabemos – incluindo, parece, impressões inconscientes bastante acertadas sobre a história de vida do outro.

De resto, existem inúmeros estudos relacionados com a percepção subliminar que demonstram ser o nosso inconsciente capaz de captar muitas informações – e até reagir a elas – sem que essa informação chegue a aflorar a superfície da nossa consciência. Sabemos muito mais do que sabemos saber, por assim dizer; e como também aprendemos por uma via inconsciente e grande parte das nossas reacções são inconscientemente condicionadas, na realidade o nosso comportamento é apenas parcialmente consciente e voluntário. Parece que o grande trunfo da razão humana, afinal, é encontrar explicações lógicas para comportamentos ilógicos, emocional carregados e inconscientemente motivados. No final, temos sempre muitas e boas razões para justificar tudo o que fizemos sem na realidade sabermos bem porquê.

Mas na percepção dos estímulos subliminares - que nesta teoria da “comunicação subtil” explicaria a atracção fatal entre pessoas com questões existenciais, temas de vida e feridas comuns – não se esgotam os motivos da atracção. A comunicação, toda ela, é expressão e consequência das energias próprias de um ser humano. E como nos ensinam as Leis, as energias atraem-se e ressoam entre si. As pessoas atraem-se energeticamente e o resto é da aparência ilusória das formas.

As Leis ensinam que as energias se atraem. As pessoas são energia. O dinheiro é energia. Os objectos são energia. Os sentimentos são energia e os pensamentos também. Tudo é energia. O destino, ensinam os orientais, é a consequência natural das energias que um homem transporta consigo.

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E assim se resolve a dualidade destino vs. livre –arbítrio: nós criamos o nosso próprio destino com as energias que são as nossas porque atraímos o que ressoa connosco. Ao mudarmos a nossa expressão energética mudam as experiências que atraímos. Não podemos mudar a qualidade essencial das nossas energias mas podemos subir o nível da sua expressão – sabendo que toda a nossa experiência será co-criada por tudo o que irradiamos. Somos magos e cegos a este respeito.

E assim se resolve, também, uma questão acerca dos relacionamentos humanos (sem lhe tirar nenhum do mistério, beleza, estilo ou perversão): é na relação que surgem as feridas e é na relação que as feridas podem ser curadas. E como sabemos que vamos atrair a pessoa com quem podemos fazê-lo? Só o rigor das energias no-lo garante.

Esta é a garantia: vais atrair a pessoa que precisas e mereces, e o teu percurso com essa pessoa será função do que optares fazer com a necessidade evolutiva de alterares o teu padrão energético através do encontro com o padrão energético do outro, que é o padrão energético que atraíste para ti próprio. Se o que atraíste não te serve e usares a relação para te transformares no teu padrão energético, terás aprendido a lição e serás livre. Se te recusares regenerar e aos teus padrões energéticos de base, a relação não pode manter-se – será levada ao limite e destruída. És tu quem cria a morte da relação pela tua recusa em morreres tu.

Mas estamos aqui para pôr a energia na cura, que é possível, e não na morte, que é inevitável. Vivemos a necessidade de amor pessoal por nós próprios disfarçado de amor pelo outro e vivemos todos os equívocos; no processo vamo-nos denunciando e curamo-nos.

ARE WE THERE YET? Não, porque o amor não se esgota no amor a um outro. Porque uma vez curadas as feridas pessoais o Coração desperta, abre e irradia, e as relações podem ser usadas para fazer circular a Luz – e criam-se grupos. E uma vez que a Luz circule, todos estaremos unidos por uma consciência verdadeiramente planetária, e os grupos reunir-se-ão, e as relações poderão ser usadas para curar o Planeta. E uma vez curado o Planeta cumpriremos uma função mínima perante o Sistema Solar e nos tornaremos assim, progressivamente, mais e mais brilhantes e a seu tempo cada um de nós o seu próprio Sol. Contribuindo para o bem-maior do sistema-maior cada um de nós encontrará a realização do seu próprio bem-maior. E assim o amor não tem como não crescer infinitamente, e ampliar-se em círculos concêntricos cada vez maiores. Com a qualidade de Luz e Amor suficientes, cada um de nós chegará a ser deus que imagina fora.

E isto implica ir vivendo o amor a uma escala cada vez maior, denunciando os impedimentos humanos a fazê-lo.

E da próxima, quem sabe, falaremos do trânsito de Plutão por Sagitário… que é exactamente a mesma coisa por outras palavras: que Amor é esse que é a razão, e o método, de nos tornarmos maiores e mais amplos?

Nuno Michaels

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Convidado: Nuno Michaels

Nuno Michaels é conselheiro astrológico, Life-Coach e professor de Astrologia Psicológica no QUIRON - Centro Português de Astrologia. Orienta grupos em Lisboa, Porto e Faro e mantém, desde Janeiro de 2009, uma rubrica semanal sobre Astrologia, Espiritualidade e Desenvolvimento Pessoal no Rádio Clube Português.

Coordenação de Conteúdos:
Heloisa Miranda,
email:sapozen@sapo.pt
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