Enquanto procurava a ponta por onde pegar no tema e assim dar início a esta crónica, ocorreu-me uma analogia que permite um bom princípio de reflexão:

Conhecem aqueles livros onde nos é proposto encontrar o Wally, no meio de muito ruído visual, muitos enfeites, cores e desenhos?

Pois bem, encontrar o espírito Natalício nos dias de hoje é incomparavelmente mais complicado. Trata-se de uma tarefa que exige visão apurada e absolutamente centrada no essencial.

O ruído colorido pelas notícias da crise global e nacional junta-se aos hábitos consumistas das últimas décadas e não há barrete ou camisola às riscas que nos ajude a encontrar o nosso Wally, ou melhor dizendo, o espírito que nos devolva o verdadeiro Natal.

Ora, de tantas pontas por onde se poderia pegar para desenrolar este novelo, não será de estranhar se eu pegar pelo fio da Astrologia, pois não?
Até porque, em momentos de desnorte… nada como seguir as estrelas.

Na verdade, para mim que ando há já algum tempo nestas lides da astrologia, é uma inevitabilidade. Até quando se fala de futebol eu não consigo deixar de pensar em Aquário e Leão, se vejo um filme de suspenso, inevitavelmente recordo Escorpião. Ao pensar no Natal e no que este significa, ou deveria significar, será incontornável que me lembre o signo de Capricórnio dado ser este o signo que o Sol transita a 25 de Dezembro.

Assim sendo, inspirada por Capricórnio e pelos seus significados, fiquei a pensar o que fizemos nós com a verdadeira essência desta quadra?
(Re)lembrando o significado do signo de Capricórnio que, na qualidade cardeal de signo de terra, simboliza a concentração despojada da semente que aguarda a Primavera. É sinónimo de perseverança e frugalidade, qualidades tão pouco combinadas nestes tempos em que o consumo desenfreado tomou o lugar primeiro nas celebrações natalícias.
Já todos ouvimos de tantas maneiras falar desta questão, que me pergunto até que ponto este ano, em particular, vamos ou não experimentar um estilo de Natal diferente? Será desta que vamos ensaiar novas formas de viver a solidariedade tão lembrada nesta altura do ano?

Para responder a estas questões lá fui eu ver por onde andariam os astros no dia 25 de Dezembro.
E a espreitadela aos céus estrelados devolve-me a questão, seremos nós capazes de nos centrarmos no essencial?
Os posicionamentos de Júpiter em Touro e Saturno em Balança contêm a semente do que pode levar a nossa atenção ao essencial. Vamos tentar perceber porquê? E porque, como de costume, tudo dependerá das nossas escolhas?

Ora bem, começando por Júpiter: transitando o signo da matéria que nos suporta, Touro, em aspecto desfavorável a Vénus, planeta regente do mesmo signo, pode significar um desconforto ao qual podemos responder de duas formas distintas. Optamos por responder a esse desconforto e a essa necessidade de gratificação, encontrando respostas alternativas e menos consumistas ou exageramos no uso do cartão de crédito, penhorando os meses seguintes, só para não enfrentar de frente o touro da crise.

Já em relação a Saturno em Balança em aspecto desarmonioso a Vénus que além de regente do signo que anteriormente referimos como signo de matéria, Touro, também rege o signo de Balança, as contenções propostas têm uma conotação um pouco diferente. Se Júpiter em Touro, nos remete para valores materiais e de suporte de vida, Saturno em Balança remete-nos para o essencial e imprescindível em assuntos de relações e parcerias. De outra forma pode-se dizer que nos questiona sobre o que realmente importa nos nossos relacionamentos.
Sob estas influências planetárias, plasmadas na nossa vida e verificáveis pelos noticiários, o que escolheremos?

O embrulho colorido, brilhante e espalhafatoso com que o Consumo nos seduz, ou preferimos embrulhar os nossos afectos e valores em gestos e actos, menos brilhantes talvez, mas mais resistentes ao efeito pernicioso da crise económica?
Como sempre, temos o poder (diria até o dever…) de escolher!
Termino com uma citação que sumariza bem o verdadeiro significado do signo de Capricórnio e com o desejo de que possamos, todos, encontrar o Espirito de Natal, amparados pelo dom da responsabilidade.

“A ti, Capricórnio, quero o suor da tua fronte, para que possas ensinar aos homens o trabalho. Não é fácil tua tarefa, pois sentirás todo o labor dos homens sobre teus ombros; mas pelo jugo de tua carga, te concedo o Dom da Responsabilidade.”
E Capricórnio voltou ao seu lugar.
Martin Schulman – Karmic Astrology: The Moon’s Nodes and Reincarnation, 1977)

Carmen Ferreira
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