O motivo é simples. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a Astrologia tem muito pouco a ver com os signos que nos habituámos a ler nos jornais, nas revistas - e até nos livros de alguns astrólogos. Avaliar a Astrologia pelos signos é como provar um ‘cordon bleu’ congelado, daqueles que se compram no hipermercado, e depois fazer juízos sobre a tradição gastronómica francesa.

O que não quer dizer que os signos não sejam uma parte importante da Astrologia. Eles são ‘filtros’ através dos quais a energia vital é expressa e vivida. A energia vital é irradiada pelo Sol, centro do nosso sistema e símbolo da consciência humana individualizada. ‘Ser de um signo’ quer dizer que o processo de auto-consciência se faz através das qualidades arquetípicas que esse signo - chamado de signo solar -, simboliza.

O signo solar é o Santo Graal de cada indivíduo. Não é uma listagem de características inatas, é um dom a descobrir - e cultivar - ao longo da vida. É o símbolo da jornada ao encontro do Self. Ele revela que qualidades nos devemos esforçar por desenvolver conscientemente - e qual é a prenda que espera por nós no final da jornada.

Não satisfazer as necessidades do signo solar é nunca ser capaz de se descobrir como um indivíduo criativo, único e especial. E a vida é a possibilidade de o fazer. É a possibilidade de nos libertarmos de padrões de segurança emocional condicionados pelo hábito (simbolizados pela Lua) e optar conscientemente pelas qualidades do nosso signo solar. E essa dinâmica de luta entre o consciente e o inconsciente, simbolizados pela complementaridade da Lua e do Sol, é a base de qualquer processo de evolução. Evoluir é optar a cada momento pela liberdade, pela criatividade, pelo ainda não-familiar, ainda não-confortável. É uma aventura. É descobrir em nós próprios o poder de nos recriarmos a cada instante. E esse é o poder do Sol.

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A Astrologia não é um sistema classificatório dos indivíduos em função da data de nascimento. Os sistemas classificatórios agrupam os indivíduos pelo que têm em comum. A Astrologia faz o contrário: individualiza os seres humanos. Cada um tem o seu percurso, as suas características, as suas necessidades e as estratégias de as satisfazer. Só estuda Astrologia a sério quem tem uma necessidade absoluta de auto-conhecimento, e de compreensão das leis que regem o mundo. Os outros, ficam-se pelo ‘cordon bleu’ do hipermercado.

Ao compreender o indivíduo na sua totalidade, até ao mais profundo do seu psiquismo, ao mesmo tempo que o religa aos ritmos cósmicos maiores, a Astrologia salva o homem de uma solidão sem sentido, do emparedamento do seu ego separatista. E mais: explica qual o propósito - e o significado - de cada vida: única, individual e potencialmente criativa.
Nuno Michaels

 

  

Nuno Michaels é conselheiro astrológico, Life-Coach e professor de Astrologia Psicológica no QUIRON - Centro Português de Astrologia. Orienta grupos em Lisboa, Porto e Faro e mantém, desde Janeiro de 2009, uma rubrica semanal sobre Astrologia, Espiritualidade e Desenvolvimento Pessoal no Rádio Clube Português.
Mais sobre o seu trabalho em www.nunomichaels.com

Coordenação de Conteúdos:

Heloisa Miranda,

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