Haveria muito a dizer sobre a forma circular do mapa astrológico: o círculo é um perfeito símbolo de unidade. O tema é uma mandala, isto é, uma visão do mundo, encerrada num círculo geometricamente dividido, cuja estrutura ajuda à meditação. Assim, o tema torna-se um "suporte de mancia": um objecto que, pela sua forma, permite que a intuição seja libertada. Os videntes de toda a Antiguidade utilizaram o fogo, a fumaça, os seixos jogados ao acaso no solo, etc.

A intuição divinatória costumava ter necessidade de um suporte para se manifestar: não há dúvida de que o mapa astral representa também esse papel; a sua forma redonda, as suas divisões geométricas activam os mecanismos secretos da intuição. A cruz formada pelo horizonte e o meridiano, inscrita nos 360° da circunferência, são os símbolos eternos que falam ao subconsciente de cada um de nós.

A divisão do espaço celeste em quatro quadrantes, cada um com três casas, ou seja, 12, tem ressonâncias numerológicas e simbólicas tão fortes, que todas as religiões do mundo o utilizaram. Mandala é uma palavra indiana, mas a realidade é universal. A estrutura íntima do cosmos está provavelmente baseada nos números 3, 4 e 12. As religiões cristãs falam das "12 tribos de Israel", dos “12 Apóstolos”, dos “4 Evangelistas”, da “Santíssima Trindade”, etc. quatro e três são sete, e se combinam ainda em 9, 12, 45 e tantos números "sagrados" utilizados pela astrologia.

A acrescentar a isto a ideia transmitida pela entidade Kryon, do Serviço Magnético, que diz que a matemática cósmica tem o sistema 12 como suporte universal e não o sistema decimal, como o utilizamos nesta nossa terceira dimensão, aqui na Terra.

A divisão do mapa em 12 casas delimitadas pelos quatro Ângulos do Céu é fundamental.

As casas são campos vitais, nos quais se aplica a nossa energia. Isso é válido não só para esta vida, como também para toda a nossa trajectória cósmica - compreendendo também as nossas vidas precedentes.

Teoricamente, a Terra está no centro do tema. Os detractores da astrologia vêem nisso uma prova de sua falsidade, já que sabemos bem que a Terra não é o centro do nosso sistema solar. A isto pode-se responder que o tema descreve o nosso ponto de vista de terreno. Quando tivermos adquirido “perfeição” e objectividade, quando estivermos livres das cargas terrestres, passaremos para um plano cósmico solar: poderemos ter então um tema "visto do Sol" – o chamado sistema heliocêntrico. Actualmente, aliás, muitos astrólogos utilizam tais temas, já nessa perspectiva espiritual.

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O ASCENDENTE

Representa o estado presente da entidade, o "ponto" da sua evolução para esta encarnação. A partir desse local-chave organiza-se todo o horóscopo, esse mapa do céu que a pessoa "assinou" antes de nascer. O Ascendente e a casa 1 exteriorizam a personalidade da pessoa nesta encarnação - mas não necessariamente o seu Ser profundo. Certos espaços dele mesmo podem permanecer secretos, ocultos enquanto dura esta vida. Muito simplesmente porque a entidade decidiu desenvolver uma aptidão, em vez de outra, que está programada para a vida seguinte: não se pode procurar um desenvolvimento em todos os sentidos, ao mesmo tempo!

O crescimento da alma é um longo trabalho que se faz de vida para vida, um detalhe após o outro. Recantos inteiros do nosso ser permanecem adormecidos a cada encarnação. A partir do Ascendente, há quem pense que as casas 2, 3, etc. indicam vidas a vir, ao passo que, regredindo no sentido inverso, as casas 12, 11, 10, etc. significam as vidas precedentes, a começar pela última.

Inúmeros autores pensam que nós encarnamos segundo a ordem dos signos, de modo a aprender sucessivamente as 12 lições cósmicas inscritas no Zodíaco. Esse será, certamente, um dos segredos esotéricos melhor guardados da humanidade. Pensa-se que as pessoas que têm uma casa 12 muito "habitada" por um número importante de planetas, entre os quais Neptuno, já cumpriram todo um ciclo. Seria a sua última encarnação, para esse ciclo.

Mas é provável que percorramos várias vezes o Zodíaco a fim de rematar o que não fora terminado. A roda das casas e dos signos representa a "roda das reencarnações", ou Samsara indiano.

O Ascendente seria então como um dos ponteiros de um relógio sobre um quadrante, indicando a hora da evolução da alma. Em suma, em que ponto ela está, na sua jornada cósmica. (Cf. a Bíblia: "Para mim, um dia é como mil anos", diz o Senhor.) O Ascendente indica onde plantamos a nossa tenda, nessa viagem através do tempo e dos espaços interplanetários. É exactamente uma etapa.

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AS CASAS DE ÁGUA

As três casas que correspondem, por analogia, aos três signos da Água: a casa 4, de Câncer/Caranguejo, a casa 8, de Escorpião, a casa 12 de Peixes, parecem estreitamente ligadas às coisas cármicas. Elas contêm uma enorme quantidade de informações sobre as nossas vidas anteriores. Todas as três estão carregadas de um passado que ainda nos marca, sobretudo se são densamente habitadas. Planetas retrógrados, nós, luminárias, recebendo inúmeros aspectos, revelam as suas dimensões cármicas nessas casas.

A casas 12, 8 e 4 trazem os reflexos que adquirimos nas nossas vidas anteriores, reacções emocionais criadas pelos traumatismos e erros de outrora. Devemos livrar-nos desses resíduos afectivos e físicos, desses comportamentos do passado, para nos adaptarmos à nova encarnação. Mas podemos decifrá-los ainda claramente nessas casas. As pessoas com "casas da Água" muito fortes, aliás, têm, em geral, reminiscências bastante fortes das suas vidas anteriores. Frequentemente são muito mediúnicos ou possuem enorme clarividência, e têm um contacto permanente com os planos invisíveis.

Infinitamente sensíveis aos ambientes, essas pessoas perceptivas sabem e sentem coisas que nem sempre têm palavras para exprimir. O tempo, para elas, não está limitado a esta encarnação; não vêem na matéria a simples realidade existente, como tantos dos nossos contemporâneos ocidentais. Não esquecem nada (se a 4 e a 8 estiverem, no seu caso, fortemente habitadas).

Esses "nativos da Água" vivem tempestades angustiantes, furacões internos que têm dificuldade em superar. Aspiram à serenidade, embora se apeguem a comportamentos obsoletos que só fazem acarretar outras tormentas. Isso verifica-se sobretudo quando o Sol e Lua se hospedam nessas casas.

Os psicólogos materialistas ocidentais - esses consertadores da alma - muitas vezes fracassam ao tratar essas pessoas, uma vez que as motivações destes têm raízes num nível cármico muito profundo - nas paixões violentas das suas vidas anteriores.

Evidentemente, os que cercam essas pessoas jamais compreendem por que eles reagem tão fortemente a tão pequeninas coisas. Um encontro aparentemente banal uma canção, uma paisagem, lançam-nos num estado de profunda perturbação, desencadeando as ressonâncias profundas da memória cármica.

A pessoa assim hospedada no fundo das grutas marinhas da casa 4 (ou 8, ou 12), não é feliz: aspira profundamente a se libertar de um fardo cármico de obsessões muito antigas. Os medos, os fantasmas, os espectros dos quais gostaria de se livrar estão inscritos nessas três casas.

Mas para limpar dos seus armários todos os fantasmas que ali foram encerrados, é preciso coragem: afrontar lúcida e bravamente todos esses fantasmas que apodrecem na memória.

Enquanto a pessoa se recusar a abrir o armário para dar a vassourada, permanecerá prisioneira desses laços emocionais passados que a estrangulam. E isto pode ser feito, actualmente, com o processo de terapia de vidas passadas. Uma parte da sua energia está paralisada. O primeiro passo para a libertação começa no dia em que a pessoa admite a possibilidade de ter dívidas para consigo mesmo. E talvez mesmo para com os outros!

Se se empenha nessa via de auto conhecimento, esses traumatismos tornarão a emergir à superfície consciente, criando um choque. A pessoa reviverá, para melhor exorcizá-las, as suas lembranças dolorosas e as suas fraquezas. Pouco a pouco, a força destas diminui, o seu peso alivia, libertando a energia vital do sujeito. Quase todos os grandes místicos descrevem esta experiência, embora sob formas muito diversas, segundo as regiões e as culturas.

Toda a psicoterapia deveria, portanto:

  1. Admitir o peso das vidas anteriores.
  2. Avaliar esse peso e as suas consequências sobre o "aqui e agora".

Fonte: António Rosa

Blog Cova do Urso