1. Magnífico fim de tarde, passeando na praia de S. João do Estoril, à beira-mar. as rochas suavemente cobertas de limos, veludo e seda, água tépida, pequenas pedras rolando. Baixo-me junto ao grande espelho verde-azul, recebo cintilâncias de ondinas e a voz de um Anjo ecoa dentro de mim: "Se querem pedir desculpa por alguma coisa, peçam desculpa por não serem felizes".

Na estação das camionetas, a mulher sentada ao meu lado pergunta: "Fala português?".

Faço sinal afirmativo com a cabeça e não dizemos mais nada. Desejo que ela entenda que o silêncio é um envelope a que eu tenho direito.

No entanto, fiz tudo o que devia: invoquei o seu Anjo da Guarda, pedi-lhe lucidez e saúde, bênçãos para ela e toda a família.

Assim vou eu trabalhando, um pouco por todo o lado, desde que há anos um Anjo assertivo me garantiu: "tu és tão útil a fazer consultas como a andar de metropolitano". Bonito!

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2. Aquela amiga habituou-se a pedir ao seu Anjo da Guarda um lugarzinho para arrumar o automóvel perto de casa. Morando numa zona superpovoada da cidade, no fim de cada dia desafiava todas as sincronicidades e muitas vezes, quando parava nos semáforos, pensava que o seu Anjo estava a dar o último jeito para lhe arranjar o tal lugarzinho. Que sempre aparecia facilmente, note-se. Muitos meses passados, houve uma tarde em que a minha amiga se cansou: "Ei, meu Anjo, vê lá se começas a arranjar-me um lugar decente, tanta manobra, quase não tenho espaço!".

— Foi o que tu pediste — responderam-lhe do nada.

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3.  Sou uma pessoa de idade (66 anos). Uso o cabelo branco e muitas vezes detecto novos movimentos de velhice.

Nesta perspectiva, há dois Anjos que muito nos ensinam: YEIAYEL, 22 e HAHAHEL, 41. O Anjo YEIAYEL quer que vivamos como se a nossa existência durasse cem mil anos, que sejamos eternos jovens, criadores de empreendimentos eternos.

O Anjo HAHAHEL incita-nos a ser aquele Abraão que gera Isaac aos 99 anos, aquela energia imprevista que jorra para iniciar novos ciclos.

Tenho verificado, na prática da minha vida, que quanto mais os anos se somam, mais eu me entrego a uma originalidade alegre e saudável que me alimenta e inspira os outros à minha volta.

Aqui vos apresento, pois, os dois Anjos que, incondicionalmente, aumentam em nós o sentido da liberdade.

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4. É no Dízimo que me sinto rica.
Onde realizo ser próspera – naquele dinheiro destinado a amigos ou desconhecidos, de onde uma única pessoa está excluída: eu.
É, pois, além de mim que se encontra a liberdade.
Onde posso alargar-me gosto de ir.

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5. Disse ao homem dos cães brancos: «posso ajudá-lo com isto?».
Ele agradeceu. Sem ter pedido.

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6. — Aiiiii! ... — emocionou-se a rapariga ao ver a nota azul pousar sobre as moedas.
— A senhora é um Anjo.
— Pois sou — respondi — E tu também.
Entendo-me a mim através dos olhos do outro.

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7. Cego, discreto e silencioso.
Coloco-lhe entre os dedos o papel que não vê.
— Muito obrigado.
Parada, observando, eu.
«Nas mãos de Deus», repetem dentro de mim.

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8. É o Dízimo que me leva a descobrir na cidade estes personagens que eu não notaria. Pertencem ao passado, por certo, e permitem reelaborar o presente e mais além. Maravilha!

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9. Quanta satisfação eu espalho em volta, desde que abdiquei do «desejo de receber só para mim mesmo»!

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10. O Dízimo é a parte correspondente a Malkut, a única Sephirah onde não há partilha. É o lugar de Receber, enquanto as outras nove são lugar de Partilhar.

Assim, através do Dízimo contrariamos esta tendência egoísta. O Dízimo deve ser retirado quando recebemos o salário e não do que sobra – se sobra.

Tiramos logo no início, confiando plenamente.

Deste modo aplacamos as exigências de Malkut, que durante o mês se revelariam sob diversas formas, como um vidro partido, despesas de farmácia e oficina do automóvel, etc., etc.

Ao abdicar da parte referente a Malkut, todo o dinheiro com que fico tem a marca das energias superiores da Árvore da Vida.

De acordo com a Lei da Atracção, ele vai então ser usado exclusivamente em situações em que essas vibrações estão presentes.

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11. INSTRUÇÃO GRATUITA

Porque atraio eu ladrões e pedintes?

Porque tenho coisas atraentes, porque eles pensam que eu possuo aquilo que lhes faz falta e julgam poder apoderar-se disso. Mas não podem.

A minha energia é pessoal e única, eles só podem ver e desejar — invejar.

Mesmo que eu queira dar a esmola, ela não vai nutrir profundamente. Eles precisam fazer o caminho até à autoprodução.

Então, porque atraí eu ladrões e etc.?

Porque eu julgava que podia roubar o que invejava e isso faria parte de mim. Felizmente, hoje tenho acesso à autoprodução, não sinto culpa e as ruas estão mais livres e pacíficas.

Agradeço, Anjo CHAVAQUIAH, 35, por me teres instruído.

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12.A SENHORA É FELIZ?

Após a consulta com o seu Anjo da Guarda, no ambiente de intimidade que por vezes se instala, aquele homem atreveu-se: «Lisete, a senhora é feliz?».

Um pensamento rápido me atravessou: «Olha, vou saber se sou feliz!».

As palavras alinharam-se, construiram frases. Para lhe responder que ser feliz não é o meu objectivo, prefiro estar satisfeita. Na situação de estar eu altero, crio, emendo, recomeço. É uma atitude dinâmica e básica, o q. b. dos ingredientes da vida que eu manipulo à minha vontade no laboratório o dia-a-dia.

Satis é o bastante (de amor, alegria, saúde, dinheiro), uma quantidade variável, mas adequada para me manter viva e contente.

E nem me espantarei se um dia eu chegar à conclusão de que à satisfação continuada dou o nome de Felicidade.

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13. MATARAM OS PÁSSAROS

— Sim — disse a mulher nascida noutro continente, conhecedora de outros pássaros e passarões —, apareceram alguns mortos. Outros foram para longe. As pessoas não gostavam.

Eu procurava não ter o ar bondoso, não tirar efeito do sucedido.

— As pessoas são diferentes. Muitos não gostavam do barulho, e quando havia comida no passeio...

— A vida na cidade é cruel — sintetizei.

— As pessoas são diferentes — repetiu.

Mergulhei no dia. «Mataram os Pássaros» é o meu mantra de hoje. Assim possa eu tocar a sabedoria: aceitar e perdoar a diferença.

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13.ÁRVORE DA VIDA

A Árvore da Vida é o lugar onde a existência acontece.

A Árvore da Vida é o local da permanência: semear, germinar, crescer, frutificar, e assim pelos tempos fora, inevitavelmente, eternamente.

Amar a Árvore da Vida é aprendermos a re-criar-nos a cada instante.

É então que somos chamados a abandonar o Sistema Solar e a partirmos em direcção a Universos Superiores.

Maria Lisete Soares

 

Maria Lisete Soares
Nasceu em Lisboa, em 1942.
Em 1992, vivendo isolada no Sul de França, os Anjos manifestaram-se na sua vida.
A partir de então, faz consultas de aconselhamento com o Anjo da Guarda, criou o Estudo dos Anjos para quem quer aprofundar os conhecimentos e a prática, conduz Meditações de Lua Nova, palestras, seminários e retiros.
E numa de suas actividades mais específicas elabora o nosso estudo pessoal dos Anjos com base no mapa astrológico, e que interpreta em consultas individualizadas.
Colaborou com a Editora Pergaminho, onde publicou três livros e traduziu cinco sobre os Anjos da Cabala

Contactos : 919 819 337 / e mail: lisetesoares@hotmail.com

Coordenação de Conteúdos:
Heloisa Miranda
email: sapozen@sapo.pt
Veja o programa SAPO Zen: zen.sapo.pt