O facto da internet e das redes sociais permitirem o acesso a um maior número de informação, incluindo pornografia, a par de uma maior permissividade por parte dos pais, que passam mais tempo fora de casa a trabalhar, é apontado como uma das causas para o fenómeno. Em França, um inquérito levado a cabo por uma associação de promoção de saúde em contexto escolar, apresentou números assustadores.

Segundo o estudo, um terço dos consumidores de sites pornográficos são adolescentes e 75% desses têm menos de 12 anos. Na maioria dos casos, os pais não dão por nada. «Basta apagar o histórico da navegação e eles nem sequer se apercebem», justificou um dos jovens inquiridos. Ao contrário do que sucedia noutras épocas, eles já nem sequer têm pudor de mostrar o que veem às amigas.

«Muitas vezes, nos intervalos ou depois das aulas, os rapazes vêm ter com as raparigas e mostram-lhes vídeos de sexo explícito. Um dia, as minhas amigas estavam de volta de um grupo de rapazes com um tablet na mão. Eu fui ter com eles e vi que estavam a ver um filme de zoofilia [sexo com animais]», contou outra das inquiridas.

«Anteriormente, muitas raparigas perguntavam-nos o que é que tinham de fazer para não engravidar. Hoje, além disso, muitas também perguntam se a ejaculação na face pode ser perigosa e se o sexo anal faz mal à saúde», refere, sob anonimato, uma das enfermeiras que integra um projeto de aconselhamento escolar numa escola francesa.

Apesar de, à semelhança da pornografia, também o acesso à informação estar facilitado, isso não significa que os adolescentes estejam melhor informados e mais conscientes. Muito pelo contrário! 42% é mesmo a proporção de jovens europeus que já teve relações sexuais desprotegidas com novos parceiros.

Esta foi a conclusão apurada pelo estudo «Informado ou a leste: O direito de estares informado sobre contraceção», baseado em entrevistas a 6.000 jovens, levado a cabo em 2011. Desses, 14% aponta como motivo o facto de os parceiros não gostarem de usar contraceção e 11% o esquecimento ou estar alcoolizado.

Surpreendentemente, baixa é também a percentagem de adolescentes que afirmam ter consciência plena dos riscos que envolvem uma sexualidade precoce e desprotegida. Apenas 28% das raparigas e 22% dos rapazes referiram estar bem informados sobre o tema. «A maioria tem uma imagem distorcida da sexualidade», considera mesmo o especialista Christian Spitz.

Texto: Luis Batista Gonçalves