Vários estudos internacionais asseguram que muitos casais não falam de sexo por pudor. Uma falta de diálogo que acaba por ter reflexos na sexualidade do casal. «O tabu oprime. O tabu inibe. Essa ideia pré-concebida, esse preconceito, impede-nos de desenvolver um pensamento ou um comportamento, porque se o fizermos, assim acreditamos, será negativo para nós ou para a sociedade», defende Marta Crawford, sexóloga.

A especialista diz, por isso, que «desmistificar questões ligadas à sexualidade permite que sejamos mais felizes na relação com o nosso corpo e na relação com o outro». «A sexualidade não se resume às questões das doenças sexualmente transmissíveis ou da gravidez. É essencial falar sobre o prazer, sobre a relação com o outro, sobre  o que ela significa, sobre a intimidade. Comunicar o que  se quer e não se quer», afirma.

Presentes de forma quase silenciosa em tantas áreas da nossa vida, da sexualidade ao amor, do trabalho à religião, os tabus influenciam a nossa postura perante a vida, interferindo  na nossa felicidade. «São, geralmente, transmitidos de geração em geração até surgir um conflito interior entre o que até achamos aceitável e o que é resultado da aprendizagem familiar. Na sexualidade, isto é muito comum», esclarece Marta Crawford.

As gavetas que nenhum dos elementos do casal deve fechar

No que se refere à necessidade de diálogo, ainda há muito a fazer para quebrar barreiras. «Há a ideia de que é uma coisa natural que toda a gente faz e que, portanto, não é preciso falar sobre ela ou ensiná-la», sublinha a autora de livros como «Sexo sem tabus» e «Diário sexual e conjugal de um casal», publicados pela editora A Esfera dos Livros. «O primeiro passo para conseguirmos quebrar tabus é querer saber mais, depois de ter perceção de que há coisas que podem estar a inibir a nossa forma de estar e de pensar», refere.

«Depois, há que ouvir vários pontos de vista e perceber até que ponto é que aquela circunstância nos afeta, nos preocupa, quais as implicações para a nossa realização pessoal e na nossa relação com os outros. Não vale a pena fecharmos gavetas da nossa vida, por medo de discutir um assunto», acrescenta a sexóloga, que em 2016 tem estado  a trabalhar  no desenvolvimento do projeto do Pedagogical and Interactive Museum of Sexuality.

«Se, depois, não gostarmos dessa gaveta, podemos sempre fechá-la, mas vale a pena perceber porque não gostamos de pensar sobre isso, analisar e seguir em frente, de forma mais amadurecida e esclarecida», afirma Marta Crawford. «Quebrar um tabu significa permitir-mo-nos descobrir diferentes perspetivas sobre o mesmo conceito, de forma a perceber e a escolher o que é melhor para nós. Só assim seremos verdadeiramente livres», assegura.