Um estudo científico internacional envolvendo 35.000 pessoas, divulgado na publicação científica britânica Psychological Medicine, concluiu que o casamento está intimamente ligado à felicidade. 40% dos participantes casados disseram ser muito felizes, contra apenas 24% das solteiros, viúvos e separados. A vantagem para os casados parece estar ligada ao facto de eles se sentirem, à partida, mais amparados.

Existem, no entanto, duas outras explicações. As pessoas felizes são mais predispostas ao casamento e a manter uma relação duradoura. Majda Rijavec e Dubravka Miljkovic, professoras de psicologia positiva, traçam as principais regras para um casamento feliz. "Em bons casamentos, o rácio entre emoções positivas e negativas é de cinco para um. Respeite o outro e encontre formas de o mostrar", sugerem.

"Não tome o seu parceiro por algo garantido", recomendam os especialistas, em jeito de aviso. "Pare e pense acerca das qualidades dele", aconselham. "Tente trazer mais experiências positivas à sua vida. Reserve 20 minutos por dia para partilharem o que aconteceu nas vossas vidas e algumas horas por semana para estarem juntos, apenas os dois", referem ainda Majda Rijavec e Dubravka Miljkovic.

Investimento amoroso a ter em conta

Para serem felizes para sempre é preciso investir permanentemente na relação defende também Tal Ben-Shahar, um conceituado professor de psicologia positiva. "A noção errada que encontrar o amor é garantia de um romance eterno leva os parceiros a negligenciarem o dia a dia da relação. Será que alguém pensa que após encontrar o seu emprego de sonho já não precisa de se esforçar?", questiona.

"Essa abordagem conduz inevitavelmente ao fracasso. O mesmo acontece quando se trata de relacionamentos", reforça o autor de livros como "Happier: Learn the secrets to daily joy and lasting fulfillment" e "The pursuit of perfect: How to stop chasing perfection and start living a richer, happier Life", publicados pela editora McGraw-Hill Professional. "O verdadeiro trabalho começa depois de nos apaixonarmos", garante.

O amor é cego

Há quem garanta que sim, que o amor é cego, mas a verdadeira felicidade, essa, não é invisível aos olhos. Um dos exercícios que Martin Seligman, fundador da psicologia positiva, costuma usar para avaliar a felicidade do casal consiste em pedir a cada um dos parceiros em separado que dê a sua opinião sobre o outro. Os resultados são, depois, comparados com a avaliação de pessoas próximas, como familiares e amigos.

Segundo o especialista, quanto maior for a discrepância entre a opinião do parceiro amoroso e a imagem social do outro, maior é a ilusão que existe entre eles. E, quanto maior essa ilusão, mais feliz e estável é o relacionamento. Homens e mulheres casados e satisfeitos veem virtudes nos seus cônjuges que nem os amigos mais próximos conseguem ver, como comprovaram inúmeras pesquisas nacionais e internacionais.

O que faz a felicidade

Os casais que são verdadeiramente felizes:

- Veem oportunidades onde os outros encontram obstáculos

- Sentem-se amados e merecedores desse amor

- Tomam decisões juntos

- Comunicam. Sempre!

- Vivem de acordo com os seus padrões e não com o estabelecido pela tradição

- Têm sentido de humor

- Dão mais importância ao futuro do que ao passado

- Têm amigos em comum, para além dos amigos pessoais

- Partilham as tarefas domésticas

- Sabem elogiar e pedir desculpa

- Têm mais semelhanças do que diferenças

Texto: Vanda Oliveira com Alice D. Domar (psicóloga), Tal Ben-Shahar (professor de psicologia positiva), Leo Bormans (especialista em felecidade), Majda Rijavec (professora de psicologia positiva) e Dubravka Miljkovic (professora de psicologia positiva)