Conversas sobre futebol ou o último modelo automóvel, desarrumação a cada milímetro e capacidade para ver, vezes sem conta, o mesmo documentário sobre tubarões são algumas ideias que nos ocorrem quando o assunto é homens. Vistas de fora, estas características inatas parecem óbvias, previsíveis e tão diferentes da nossa conduta exemplar. Mas será mesmo assim? Como o espelho nem sempre reflete toda a verdade sobre nós, resolvemos questionar aqueles que, diariamente, lidam connosco, os homens!

E já que uma conversa entre eles e elas, segundo Deborah Tannen autora de vários bestsellers sobre o tema, é algo intercultural em que cada grupo fala o seu próprio «géneroleto», como lhe chama numa alusão a uma espécie de dialeto de géneros, apresentamos algumas declarações do sexo oposto... Cabe-lhe a si interpretá-las!

Marte versus Vénus

O que será que mais os enerva em nós? «Só quando se está com uma mulher se percebe bem a coisa» afirma Renato, um dos entrevistados para este artigo, para quem os traços mais irritantes do sexo oposto são «a indecisão contínua, querer saber mais sobre respostas já dadas e a total incompreensão do silêncio masculino». Dados estes que já estão documentados, como faz questão de realçar.

«Tal como um famoso livro explica, as mulheres são mesmo de Vénus. Por muito que tentemos, às vezes é impossível comunicar». «Nós ainda explicamos o que se passa connosco, já as mulheres... Cada pergunta é uma ofensa ou dá direito a mais questões e as respostas nunca são suficientes. Que ser inquisitivo!», acrescenta ainda.

Em que estás a pensar?

Temos talento para comunicar mas lidar com o silêncio não é o nosso forte. Renato testemunha isso mesmo. «Chega-se a casa chateado. Não se quer falar do assunto e imediatamente o problema é delas. Foram elas que fizeram algo errado, tudo porque nós não nos explicamos. Uma simples chatice torna-se um tornado», lamenta, em jeito de crítica. «Já conto. Deixa-me estar sossegado, digo», prossegue.

«Mas valerá a pena? Certamente pensará que já não gosto dela ou odeio vir para casa, quando na realidade não é nada disso. Quero cinco minutos de paz e depois explico que o problema real aconteceu com o chefe», revela.

Dúvidas de amor

Mais do que as afirmações, o que perturba os homens são as nossas perguntas, ditas traiçoeiras. Eis alguns exemplos. «Só me amaste a mim, verdade?» refere António, outro dos oito homens entrevistados, admitindo a resposta mais esperada. «É claro que disse que sim», confessa. Bruno, por seu lado, destaca a clássica «Quem foi o grande amor da tua vida?», cuja resposta certa é... «Tu!».

Para Mateus, estas preocupações residem no «facto de sermos diferentes», diz. «A mulher vive com a noção de que é o pilar na relação e, como tal, crê que deve dar o exemplo», opina. Mas nem só de amor vivem as nossas dúvidas. «Após horas fechada no quarto a arranjar-se, pergunta se está bem. Mas, seja qual, for a resposta nunca será a desejada», conta Renato, lamentando-se.

Veja na página seguinte: A análise ao comportamento das mulheres... no shopping!

A análise ao comportamento das mulheres... no shopping!

As estatísticas não mentem. Uma em cada quatro deslocações femininas tem como motivo as compras. Embora sejam um meio natural para nós, as lojas são um teste à resistência masculina. É o caso de Hugo, para quem as mulheres têm comportamentos estranhos que «fazem com que o homem tenha um ar cansado quando as acompanha», critica. Exemplo disso são «as horas perdidas nos centros comerciais», condena.

«Elas fazem questão de correr todas as lojas e em cada uma são capazes de experimentar duas a três peças de roupa e não levar nenhuma», prossegue. «Depois, passam para a próxima loja e fazem o mesmo», enfatiza ainda.

Sim, querida!

O que tornará esta expressão tão popular no léxico masculino? Para Hugo, é a resposta típica se «ao fim de tentativas frustradas para tentar explicar-lhe que teve uma reação exagerada ela não entende». Além do cansaço, o choque de expetativas pode criar estas situações. É o que sucede com a «mania das limpezas e do gosto pelas coisas bem feitas, levado a um extremo impossível de alcançar por nós», refere Miguel.

Embora, a esmagadora maioria das vezes, gostasse dizer «Deixa-me em paz», responde sempre «Sim, eu sei. Prometo não voltar a fazer», afirma ainda.

Duplo sentido

Uma palavra, mil interpretações. Assim é o sexo feminino aos olhos de António. «As mulheres interpretam à sua maneira o que se diz, dando um sentido às frases que está longe de ser real e que só serve para criar discussões. Tendem sempre a ver acusações onde elas não existem», critica.

«Vêem um duplo sentido nas nossas palavras e precisam que lhes digamos em voz alta o quanto gostamos delas. Nós não sentimos essa necessidade, mas isso não significa que não as amemos», assegura.

Mini prato

Uma sopa, uma salada e um café, sem açúcar, claro. Fazemos tudo o que está ao nosso alcance para manter a balança sob controlo, mas por mais lógico que isto seja é incompreensível aos olhos deles e torna-nos mesmo irritantes. É o que pensa Hugo. «Preocupam-se muito com o aspeto», critica.

«Pensam que estão gordas, o que nem sempre é verdade», continua. «E deixam de comer aquilo que gostam para comerem saladas e coisas absurdas para manter a linha», condena ainda.

Veja na página seguinte: O que eles dizem sobre as amizades das mulheres

O que eles dizem sobre as amizades das mulheres

Preocupamo-nos com quem nos rodeia e somos até capazes de passar horas a debater os problemas mais triviais. De que nos acusam então os homens? De cinismo! «Falam horas a fio com as amigas e, quando acabam, são capazes de dizer mal delas», ironiza Hugo, um dos oito entrevistados masculinos.

«Um dos episódios comuns nas mulheres é o facto de estarem a dizer mal de outra e, quando se encontram com ela na rua, demonstram ser uma das suas melhores amigas», diz. «As mulheres, na minha opinião, muitas vezes são umas falsas», afirma, sem medo de dar o peito às balas que a afirmação pode suscitar por parte das destinatárias.

Dias não

Analisados os prós e contras, Bruno conclui que é complicado lidar connosco especialmente nos dias «difíceis» que, segundo ele, são «mais difíceis para quem está ao lado», afirma. Porquê? «Interpretam tudo da pior forma, estão muito sensíveis e respondem como se fôssemos o pior inimigo», volta a apontar o dedo.

A noção de tempo é outro obstáculo. Enquanto para eles uma hora tem 60 minutos, para nós isso é relativo. Feitas as contas, o resultado é tudo menos encorajador. «Em 70 anos de vida, cinco são passados à espera de uma mulher», sublinha. Mas neste caso, verdade seja dita, vale a pena esperar...

Mea culpa

Ninguém é perfeito, nem mesmo os homens. Estes sete pecados masculinos são a prova disso:

1. «Todos temos defeitos, mas acho que o que mais irrita as mulheres é o facto de deixarmos a tampa da sanita levantada», afirma António, 45 anos.

2. «Jogos de consola, futebol, meias por todo o lado... Sim, nem sempre é fácil (con)viver connosco», reconhece Bruno, 26 anos.

3. «O hábito de tirar a responsabilidade de uma decisão a dois de cima dos ombros», refere Nélson, 33 anos.

4. «Reagimos mais do que sentimos, dizemos menos quando devíamos falar mais e interessamo-nos por coisas que nem lembra ao menino Jesus. Há que reconhecê-lo», diz Renato, 31 anos.

5. «Também temos manias. Somos ciumentos, teimosos e, por vezes, insensíveis», sublinha Miguel, 32 anos.

6. «Não são hábitos masculinos. São hábitos apenas. Roupas para aqui e para ali, a pasta de dentes na sala e por aí fora...», reconhece também Mateus, 30 anos.

7. «Temos hábitos que não fazem sentido mas não vou revelar. As mulheres que os descubram», desafia Rui, 29 anos.

Texto: Manuela Vasconcelos