«Sou muito ciumenta e quero mudar», desabafa Tânia Mendes. Esta florista faz parte do grupo de pessoas que tem o ciúme como o traço de personalidade dominante. De acordo com um estudo internacional elaborado com base nas respostas de 541 voluntários, essa é, a par do optimismo, do pessimismo e da confiança, a característica mais comum à maioria dos povos.

«O ciúme consiste em emoções negativas, como a ansiedade e a raiva, em que imaginamos o nosso parceiro a encontrar alguém mais interessante, rejeitando-nos. Esta é uma resposta irracional e automática face à ameaça, uma forma de proteção», esclarece Fernando Magalhães. Para contrariar o problema, o psicólogo clínico deixa alguns conselhos.

«Respire fundo e deixe vir à mente todos os pensamentos negativos», aconselha o especialista do Centro Clínico e Educacional da Boavista, no Porto. «Ao relaxar, vai notar que o que pensa são apenas suposições. Distinga a preocupação improdutiva da produtiva. Tentar imaginar o que o outro pensa é mau para a relação, mas planear um fim de semana a dois será produtivo para ambos», sugere.

Habituado a lidar com o problema, Fernando Magalhães apela ainda a uma reflexão interior, um processo que pode ser crucial no combate ao problema. «A incerteza faz parte da vida e da relação. Procure viver o momento, tendo comportamentos que favoreçam uma boa relação, e perceber se o que sente é baseado em experiências negativas anteriores», sublinha.