Para encontrar alguém especial temos de nos sentir, também, especiais!

E perceber o que nos faz falta
verdadeiramente?

Andamos todos, ou pelo menos alguma
vez andámos, à procura de alguém especial
na nossa vida. De alguém que nos faça sentir
deslumbrantes, desejados, importantes, confiantes.
De alguém que nos mime e nos dê
colo.

De alguém que ao mesmo tempo nos
tire a respiração. De alguém que nos motive
e nos dê força para continuar. De um alguém
que tantas vezes designamos como Alma.
A nossa alma gémea!

Encontrar a alma gémea, no entanto, é
difícil. Em primeiro lugar, porque consideramos
que encontrar a tal pessoa especial é um
objectivo a cumprir. Daqueles que se colocam
na agenda, como a inscrição no ginásio ou
passar mais tempo a fazer o que nos dá prazer.

Em segundo, porque geralmente procuramos
no sítio errado! Procuramo-la no exterior.
Fora de nós. Como referiu Heidegger,
a resolução da maior parte dos problemas do
Eu passa por conseguirmos «demorar-nos
junto do que está perto e meditarmos sobre o
que está mais próximo. Aquilo que respeita a
cada um de nós, aqui e agora».

Ao contrário, estamos em permanência a
considerar que tudo o que necessitamos nos
é dado pelo mundo à nossa volta. Pelas pessoas
que nos rodeiam, a religião, o Estado, a
sociedade. Vemos o mundo como se tivesse
sido desenhado para nós e temos muito pouca
flexibilidade para vê-lo ao contrário.

Não
como tendo sido feito para nós, mas a ser feito
por nós. Esta é uma das principais razões pelas
quais andamos em permanência a considerar
o mundo como injusto, como um lugar onde
não somos compreendidos, onde não nos
conseguimos realizar, onde não somos amados
nem desejados. O local onde sofremos
sem razão e onde procuramos resposta para a
velha questão «Que mal fiz eu a Deus?».

Esta é também a razão pela qual devemos
virar ao contrário a procura da tal alma gémea. Na concepção existencial do ser
humano, esta pessoa não deve procurar-se.
Porque o Eu Existencialista é um Eu com singularidades
próprias, com angústias e alegrias
próprias, com objectivos próprios, com uma
forma própria de sentir, diferente de Outros.

Quer isto dizer que partir à procura do nosso
Eu gémeo poderá ser uma procura vã, porque
não existe um eu feito à nossa medida exacta.
Esta pessoa não se encontra lá fora.
Devemos, sim, procurá-la dentro de nós.

Mais, devemos construí-la! Como? Começando
por si. Mime-se. Tire esse ar de solidão ou,
se por acaso for o contrário, esqueça o seu ar
de el matador. Os seres especiais gostam de
pessoas reais. Daquelas que marcam pela sua
simplicidade, pela sua capacidade de escutar e
de ajudar, pela sua empatia, pelo sorriso que
passa dos lábios e chega aos olhos.

Por isso, no seu dia-a-dia, identifique os
aspectos que poderão contribuir para elevar
a sua auto-estima. Para se sentir melhor
consigo própria.

Mesmo que muitas vezes
lhe pareça que para elevar a sua auto-estima
tem de colocar em causa a felicidade ou
o bem-estar dos outros, acredite que nada
retira mais bem-estar aos outros que a incapacidade
de gostarmos de nós mesmos. De
mostrar aos outros exactamente o que desejamos,
ao invés de pensar que são eles que, se
nos amam, têm a obrigação de descobrir o
que nos faz felizes.


Veja na página seguinte: As perguntas que se deve colocar

Já viu quantos mal-entendidos criamos
ao deixarmos aos outros a responsabilidade
de tentarem adivinhar o que nos faz falta?


Quando muitas vezes somos nós mesmos que
não o sabemos?

Como exercício,
tente responder às seguintes perguntas «O que
me faz falta verdadeiramente?» e «E, que pessoas
especiais desejo encontrar?».

Quando tiver
respondido a estas duas questões, verifique se
aquilo que lhe faz falta e a pessoa que deseja
encontrar não existem já... talvez em si. Caso sinta que não, não hesite. Peça ajuda!


Há milhares de formas de chegarmos a
nós. A mais rápida começa por não ficarmos
parados. Por isso, faça-se um favor. Ponha a
sua vida a mexer!

Texto: Teresa Marta (mestre em Relação de Ajuda e consultora de Bem-estar)