Com o aumento dos encontros online e das aplicações de encontros, parece que estamos a entrar numa nova era do romance. O panorama dos encontros parece hoje algo completamente diferente do que era há, apenas, uma mão cheia de anos atrás. Mas até que ponto é que as coisas efetivamente mudaram? E está o romance realmente, como muitos alegam, morto? Não, não  está. Essa é, pelo menos, a convição de muitos.

Nos últimos tempos, têm surgido muitas críticas à forma como hoje encontramos e conhecemos novos interesses amorosos, vozes que defendem que as aplicações de encontros estão a matar a arte do romance, que nos tempos atuais parece estar demasiado facilitado para os solteiros. Contudo, a muitos escapa a ideia de que as apps de encontros, muitas vezes, reagem apenas à mudança na atitude em torno da esfera dos encontros. Não a criam.

O romance não está morto. Ainda existe, mas existem simplesmente novos formas de chegar lá. Para muitos dos solteiros de hoje em dia que se conhecem online ou através de apps, um longo processo de sedução pode já não ser uma carta, mas estas plataformas são simplesmente outras formas de facilitar o terreno onde o verdadeiro romance pode florescer! A cultura do engate, que é tantas vezes atribuída às apps de encontros, não é criada por elas.

A existir, é criada por uma mudança mais geral nas nossas atitudes. Somos mais liberais no nosso pensamento e o nosso recurso a quaisquer meios para encontrar um parceiro reflete isso, mais do que o contrário. Esta transição tem-se vindo a verificar há vários anos e não apenas desde o arranque dos encontros online. E obviamente, enquanto muitos pretendem encontrar algo casual, muitos dos que usam apps de encontros estão à procura de relacionamentos mais sérios.

As portas que as novas plataformas estão a abrir

Muitos dos utilizadores dessas plataformas estão mesmo a encontrá-los. O que quer que seja que os solteiros estão a procurar nos dias que correm, não deveríamos estar a celebrar o facto de terem essa escolha? O panorama atual está sob fogo cerrado por permitir um elevado número de potenciais pretendentes com quem podem facilmente estar conectados, com muitos a argumentarem que as apps de encontros estão a tornar-nos mais exigentes ou impossíveis de satisfazer.

Somos agora aparentemente perfecionistas no que respeita a encontrar parceiros. Mas seguramente que mais escolha não é algo mau. É encorajador que homens e mulheres solteiros não estejam a acomodar-se com um parceiro que não os façam tão felizes como merecem ser. Não existem relações perfeitas mas, com a taxa de divórcios em Portugal nos 70%, talvez devêssemos abraçar a ideia que esta nova vaga de solteiros não está a encontrar novos parceiros por falta de escolha.

Ou por medo que não exista alguém ideal para eles. Neste sentido, talvez estejamos a tornar-nos mais românticos e mais otimistas na perspetiva de encontrarmos alguém com quem nos possamos ligar verdadeiramente e também a reconhecer o facto de que o romance já não está necessariamente ligado à ideia de uma única alma gémea. Acima de tudo, as aplicações móveis estão a abrir portas e derrubar muros de forma mais abrangente.

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O paradigma que as novas apps estão a mudar

As apps de encontros estão a gerar um novo paradigma, seja oferecendo acesso imediato à informação, garantindo a habilidade de comunicar e partilhar momentos com a nossa família e amigos de forma instantânea ou ainda a dar a opção de planear e reservar qualquer viagem com antecedência… Particularmente para os nascidos na era digital, as possibilidades são inesgotáveis e estão a modelar a nossa perceção e a forma de nos relacionarmos com o tempo e o espaço.

Os novos códigos de mobilidade, ligados à necessidade premente de obter acesso aqui e agora,  desencadearam mudanças em todos os campos e o terreno dos encontros não é exceção. Num mundo em que o tempo e o espaço estão cada vez mais otimizados, em que os nossos hábitos sociais dependem da tecnologia como um intermediário útil, o desenvolvimento de serviços de encontros móveis é uma evolução natural.

A opção que pode dar mais vida à vida

Estas plataformas facilitam interações a profissionais ocupados, alargando o leque de oportunidades a pessoas que chegaram há pouco a uma nova cidade, sem esquecer aqueles que não revelam tanta confiança nos encontros. A possibilidade de nos conectarmos com alguém que já sabemos que também gosta de nós, num ambiente seguro, ajuda aqueles que são tímidos, ocupados, desatentos e/ou que simplesmente não querem parecer bizarros ao abordar um desconhecido na rua.

As apps de encontros estão a ajudar a moldar o panorama dos encontros, mas muito se baseia nas nossas próprias mudanças sociais e na liberalização nas atitudes. As ligações e relacionamentos que criamos com outros, quer seja conhecendo através de amigos em comum, num bar ou online, são uma escolha nossa. E é excitante que os solteiros estejam a aproveitar a oportunidade de descobrir o que mais desejam.

Texto: Marie Cosnard (head of trends da Happn) com Luis Batista Gonçalves (edição)